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É só mais uma noite de nicotina e Steinhaeger no Dentadas Pub. É a última marquise em que alguns tentam se proteger dos vaga-lumes em gotas que, de tempos em tempos, se espatifam contra os ombros dos vagabundos e prostitutas da Saldanha Marinho. A chuva, nada sorrateira, escorrega seu antídoto transparente feito a prata por vãos nas paredes de tijolos à vista. A morena segura, por baixo da mesa, o pau do garotão tatuado como segurasse uma galinha com o pescoço quebrado. O garotão pede a ela que não faça aquilo, não ali. Você sabe como é uma mulher rejeitada. Emputecida, a morena fica em pé na cadeira e promove um ritual de estridente striptease. O público aplaude. Puxando a moça pelos cabelos o garotão faz com que ela desça dali. Seu brocha, brocha filho da puta, é o que a morena grita, contorcendo-se, socando o ar, quando seu strip é interrompido. Alguns clientes do bar tentam acalmá-los, sugerem pequenos vão de leve, pessoal. O garçom se aproxima educadamente tentando conter o garotão tatuado. Mas ele saca um 38 e berra: Ninguém se mete, quem bancar o espertinho leva chumbo. A morena começa a rir, quer dizer, rir não, melhor ainda, a gargalhar. O tatuado também gargalha alto. A morena diz entre ganidos de escárnio: Ouviram, seus putos de merda?, quem se intrometer vai levar pipoco, seus pulhas, monte de merda, nunca viram um casal apaixonado se divertindo, hein? Então o tatuado faz a guria calar a boca com um tapa no meio da cara. E a carregando nas costas mete um chute na porta do Dentadas. Depois some na Saldanha Marinho mareada de álcool e neblina.
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