segunda-feira, 10 de agosto de 2009

o pão brutal de ontem

Av. Visconde de Guarapuava

Sete da manhã
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Petit comité em cobertura da Visconde de Guarapuava com os jazzistas Endrigo e Glauco ganhando o melhor cachê da cidade. Eis a minha noite de ontem, uma merda. Porque acordo arrependido de ter bebido aos borbotões aquele vinho rosé seco comprado na Colônia Rebouças só para fazer um mimo rústico e charmoso a Lari, que havia me convidado. Ontem de noite esse vinho miserável que ninguém, além de minha ingênua pessoa, bebeu, foi o responsável por me fazer escorrer pelas sarjetas do Largo da Ordem por volta das quatro da madrugada atrás de pó puro. Não encontrei nada. Num esforço desgraçado vim para casa dormir. Para hoje o doutor me pediu um hemograma e um exame de fezes parasitológico. Então, está nisso meu roteiro lírico e sentimental, no sorriso das atendentes do Frischmann Aisengart, às oito e vinte da manhã de um dia que fede a ressaca braba. Antes de eu sair de casa a mãe disse: Ponha a japona, piá, que lá fora tá congelando cimento. Como se eu ainda fosse uma criança de tenra idade. Pois bem, no mais que presente tempo, hoje, agora, já, coloco a japona, o gorro, e saio para a rua pensando nisso. Então enfio um balaço na cara do céu cuspindo para cima. Daí descasco um mentex e vou mastigando. Faço tipo na frente dos prédios da Sete de Setembro pastilhados de porcelana, com porteiros mofados dentro de seus pulôveres. Meto pose de galã para as empregadinhas que voltam com o saquinho de pães e o presunto para o café da manhã. Os fios de luz pingam eletricidade no bagaço de meninas indie ou emo viradas da noite que, depois de terem sentado na privada dos banheiros mais andergraudes para cheirar e escrever hieróglifos atrás das portas, passam pela Praça do Japão dentro dos Expressões que se dirigem ao Água Verde e Portão. Sigo em frente. Nas imediações da Praça Oswaldo Cruz presencio um atropelamento estridente como um solo do Steve Vai. Paralelepípedos beijam os sunglasses da oakley do ciclista num grande deslize do valet park de um hotel cinco estrelas. Sem contar os olhos da cara pelo seguro do Honda Civic de vidro fumê e a indignação do barrigudo que pilota uma Kombi adesivada com a estrela do PT. Sujeitos eternos, fitness & wellness, passavam por mim galopando a manhã que até as 10 horas, sem dúvida, terá nuvens cheias feito saquinhos de moeda e depois despontará descongelando o ouro do sol, dando uma folga para nossa epiderme, porque sempre é assim no mês de agosto. Em resumo, chego no Aisengart. Então concluo que as atendes não são tão simpáticas como eu pensava. Olhando para a mais rechonchuda, assombra-me a ideia de que os médicos descobrem tudo sobre a gente examinando detalhadamente nosso mijo e nossas fezes. Na volta é quase meio-dia, eu já não vou mais dormir mesmo. Ocorre-me bater o interfone das gurias da cobertura na Visconde. Talvez eu possa tomar o resto do vinho rosé antes que vire vinagre. Quem sabe aconteça de ganhar uns beijos da diarista que, obviamente, está lá em cima fazendo a faxina. Melhor não. Bobagem. Deixo para lá. Dirijo-me ao centro. Chego na Saldanha Marinho. Gasto uma nota de cinquenta no pozinho mágico. Meio-dia e quarenta. Enfio-me no Dentadas Pub. No banheiro sento a venta. A narigona nunca esteve tão ávida. Não vou dormir pelas próximas 24 horas, isso já está definido.
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*Algumas frases foram ditas por meu
maninho Alexandre França, daí a
objetiva influência dele nesse conto.

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