Extintor de incêndio
Não lhe parece adorável um extintor de incêndio extorquindo outro extintor de incêndio? Um extintor de incêndio invisível dando rolê no parquinho? Um extintor de incêndio analfabeto lendo em braile? Um extintor de incêndio acasalando com um lança-chamas? Um extintor de incêndio parindo, outro se formando no mestrado, outro doutorado? Não lhe parece adorável um extintor de incêndio desovando presuntos com luvas de pelica, outro com luvas cirúrgicas proporcionando partos? Um extintor de incêndio fazendo um tipo moleton da Disney amarrado na cintura? Um extintor de incêndio fazendo uma festa rave na quitinete? Um extintor de incêndio recebendo o cupom fiscal com 10% e tudo o mais e então ter uma síncope, uma síncope, uma síncope? Não lhe parece deveras formidável um extintor de incêndio comendo uma barra de chocolate? Um extintor de incêndio encontrando um exemplar do Blake na lixeira? Um extintor de incêndio metendo um beijão de língua num pedaço de isopor? Não lhe parece mui aprazível um extintor de incêndio com Feridasque sefoda! na cabeça? Um extintor de incêndio fazendo um tipo casual, sandálias confortáveis, não lhe parece? Um extintor de incêndio com elefantíase? Um extintor de incêndio na porta da esperança do Sílvio? Um extintor de incêndio molhado de sereno? Não lhe parece um extintor de incêndio, um extintor de incêndio, um extintor e assim por diante?
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Reticências, Obcecada e Clichê
Não é difícil deduzir que a dor de um homem solteiro é sua cama de solteiro, pois não. Assim é com Reticências. Duas coisas Reticências já sabia. Primeiro, ele sabia que no amor nossos olhos até que estão solteiros, mas o coração é uma das argolas da algema. Segundo, Reticências já estava convencido de que a solidão anda em bandos. Então Reticências pensou Preciso dar uma chance ao Clichê. E passou um trote para Clichê dizendo eu te amo. Mas foi Obcecada quem atendeu e disse Eu sei que isso é um trote, ninguém diz eu te amo assim de graça, os homens só dão em cima de uma mulher depois que perderam o respeito por ela. Já imaginou um anzol fincado no ego?, perguntou Reticências. E no eco, já imaginou um anzol fincado no eco? Guria, eu queria mesmo era ter um anzol capaz de te fisgar pelos poros, ele, o Reticências era bom de cantadas. Nem esperou resposta lá do outro lado da linha e emendou Em mim todo grelo é rosto e todo o resto gretará. Obcecada gritou, mas gostou, todavia. Então disse Olha, Reticências, não sei se já te contaram mas minha alma outrora foi servida em potinhos de ração. Uma outra coisa Reticências não sabia, mas Obcecada fez questão de elucidar para ela, dizendo A solidão, amigo, não é uma big-band. Então Reticências falou Olha, eu liguei para falar com Clichê, mas estou gostando de você, eu queria ser um bueiro, Obcecada, que era para ser o primeiro a engolir a chuva quando a chuva dos teus beijos desabasse. Obcecada, então, deu de ser sincera Você não iria agüentar namorar comigo por muito tempo, Reticências, eu sou muito parecida com a minha solidão. Então começaram a fazer o joguinho, típico nos enamorados, das confissões. Reticências falou Não sou pedante e nem pedinte, depois Eu sou delicado e delinqüente. Foi quando Obcecada gritou no ouvido de Reticências Conheço o que sentir, não o que dizer!, e bateu o telefone na cara dele.
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Ovelha Negra
Aquele é o Ovelha Negra. Ele quer botá pra fudê. Não quer que depositem votos nele. Faliu dessas eleições no coração. Não acredita 100% no humano. Exige que sejam retiradas de suas veias as vendas. Quer-se libertado da crença dos seus votos velhos. Senta ao lado do sol na varanda, pára. Ele não é pra aquilo deles lá do Congresso, lá das CPI´s, lá dos salões do Graciosa, lá do Palácio da Justiça, lá da Faculdade de Direito. É cria das literaturas com o egoísmo dos ventos que nunca retornam. Está enfermo de necessidades, porém sem a fome vulgar que carregam os umbigos iluminados quando passam por ele no shopping. Está no carro que persegue o submundo, mas não o dirige. É um transe no trânsito das seis da tarde da cidade. Ao telefone, marca encontro com as madrugadas azuis escuras em hospitais, delegacias, bares da Av. Batel. É um cara bacana nos antros do Largo da Ordem. É o Ovelha Negra, sua madrugada é aguda como a dos perdidos. Sua madrugada, sem reuniões de mil homens responsáveis pelo amanhã, dorme, bebe, desconhece a meia hora seguinte. Já era, ele deu aos porcos sua grana, rasgou seu pelego e doou aos que não tem ego nem ambições. Fez transplantes e plantou em si a cratera dos semelhantes, não é diferente do beberrão de Vinho Campo Largo do Largo da Ordem. Criou becos pra seus carinhos e os caminhos esqueceram-se ao percorrê-lo. É o Ovelha Negra, desgarrado. Quando se aceita, despreza-se.
Não lhe parece adorável um extintor de incêndio extorquindo outro extintor de incêndio? Um extintor de incêndio invisível dando rolê no parquinho? Um extintor de incêndio analfabeto lendo em braile? Um extintor de incêndio acasalando com um lança-chamas? Um extintor de incêndio parindo, outro se formando no mestrado, outro doutorado? Não lhe parece adorável um extintor de incêndio desovando presuntos com luvas de pelica, outro com luvas cirúrgicas proporcionando partos? Um extintor de incêndio fazendo um tipo moleton da Disney amarrado na cintura? Um extintor de incêndio fazendo uma festa rave na quitinete? Um extintor de incêndio recebendo o cupom fiscal com 10% e tudo o mais e então ter uma síncope, uma síncope, uma síncope? Não lhe parece deveras formidável um extintor de incêndio comendo uma barra de chocolate? Um extintor de incêndio encontrando um exemplar do Blake na lixeira? Um extintor de incêndio metendo um beijão de língua num pedaço de isopor? Não lhe parece mui aprazível um extintor de incêndio com Feridasque sefoda! na cabeça? Um extintor de incêndio fazendo um tipo casual, sandálias confortáveis, não lhe parece? Um extintor de incêndio com elefantíase? Um extintor de incêndio na porta da esperança do Sílvio? Um extintor de incêndio molhado de sereno? Não lhe parece um extintor de incêndio, um extintor de incêndio, um extintor e assim por diante?
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Reticências, Obcecada e Clichê
Não é difícil deduzir que a dor de um homem solteiro é sua cama de solteiro, pois não. Assim é com Reticências. Duas coisas Reticências já sabia. Primeiro, ele sabia que no amor nossos olhos até que estão solteiros, mas o coração é uma das argolas da algema. Segundo, Reticências já estava convencido de que a solidão anda em bandos. Então Reticências pensou Preciso dar uma chance ao Clichê. E passou um trote para Clichê dizendo eu te amo. Mas foi Obcecada quem atendeu e disse Eu sei que isso é um trote, ninguém diz eu te amo assim de graça, os homens só dão em cima de uma mulher depois que perderam o respeito por ela. Já imaginou um anzol fincado no ego?, perguntou Reticências. E no eco, já imaginou um anzol fincado no eco? Guria, eu queria mesmo era ter um anzol capaz de te fisgar pelos poros, ele, o Reticências era bom de cantadas. Nem esperou resposta lá do outro lado da linha e emendou Em mim todo grelo é rosto e todo o resto gretará. Obcecada gritou, mas gostou, todavia. Então disse Olha, Reticências, não sei se já te contaram mas minha alma outrora foi servida em potinhos de ração. Uma outra coisa Reticências não sabia, mas Obcecada fez questão de elucidar para ela, dizendo A solidão, amigo, não é uma big-band. Então Reticências falou Olha, eu liguei para falar com Clichê, mas estou gostando de você, eu queria ser um bueiro, Obcecada, que era para ser o primeiro a engolir a chuva quando a chuva dos teus beijos desabasse. Obcecada, então, deu de ser sincera Você não iria agüentar namorar comigo por muito tempo, Reticências, eu sou muito parecida com a minha solidão. Então começaram a fazer o joguinho, típico nos enamorados, das confissões. Reticências falou Não sou pedante e nem pedinte, depois Eu sou delicado e delinqüente. Foi quando Obcecada gritou no ouvido de Reticências Conheço o que sentir, não o que dizer!, e bateu o telefone na cara dele.
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Ovelha Negra
Aquele é o Ovelha Negra. Ele quer botá pra fudê. Não quer que depositem votos nele. Faliu dessas eleições no coração. Não acredita 100% no humano. Exige que sejam retiradas de suas veias as vendas. Quer-se libertado da crença dos seus votos velhos. Senta ao lado do sol na varanda, pára. Ele não é pra aquilo deles lá do Congresso, lá das CPI´s, lá dos salões do Graciosa, lá do Palácio da Justiça, lá da Faculdade de Direito. É cria das literaturas com o egoísmo dos ventos que nunca retornam. Está enfermo de necessidades, porém sem a fome vulgar que carregam os umbigos iluminados quando passam por ele no shopping. Está no carro que persegue o submundo, mas não o dirige. É um transe no trânsito das seis da tarde da cidade. Ao telefone, marca encontro com as madrugadas azuis escuras em hospitais, delegacias, bares da Av. Batel. É um cara bacana nos antros do Largo da Ordem. É o Ovelha Negra, sua madrugada é aguda como a dos perdidos. Sua madrugada, sem reuniões de mil homens responsáveis pelo amanhã, dorme, bebe, desconhece a meia hora seguinte. Já era, ele deu aos porcos sua grana, rasgou seu pelego e doou aos que não tem ego nem ambições. Fez transplantes e plantou em si a cratera dos semelhantes, não é diferente do beberrão de Vinho Campo Largo do Largo da Ordem. Criou becos pra seus carinhos e os caminhos esqueceram-se ao percorrê-lo. É o Ovelha Negra, desgarrado. Quando se aceita, despreza-se.
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