terça-feira, 16 de agosto de 2011


a mão selvagem pássaro-livro da febre
a mão selvagem chão de águas tormentosas
a mão selvagem montanhas crescendo dos dedos
a mão selvagem abismos do arrancar das peles
a mão selvagem faca que estapeiafaga dentro do sangue
a mão selvagem desvairado polvo gozando tintas
a mão selvagem mais a argila que deus a mãe do mundo

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

não há luas quando olho pela janela da casa. nem amor demais nessa cidade. se você está aqui, com teu inferno pessoal penetra a terra, mas dentro há menos paz do que se pensa.

transatlânticos fervem sem oceano. grotescos esqueletos de arranha-céus não terminados rangem. a cauda do dirigível faz sombra sobre a Lagoa Seca. não há amor demais nessa cidade.

chove nas folhas das árvores amarelas. chuva de fragilidades. um dia te dedilhei com o olfato feito tocasse piano. tudo alaga. o rio, a praça, a cama.

a liberdade é um jogo de xadrez no qual habita um cara obcecado por uma garota que o despreza admirando e só se entrega de olhos bem abertos. ela deu o bote. agora preciso de um tipo de ódio que venha engarrafado, antídoto tomado em doses homeopáticas.

sabe, vez ou outra há amor, mas aí a tua passividade me embrutece. estou tão fraco. se ao menos isso eu conseguisse, perguntaria: estamos participando de um banquete para urubus?