quinta-feira, 31 de março de 2011

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Começamos bem ontem em nossa estréia. Claro que com um erro ou outro de ordem técnica. Mas Débora Vecchi e Ciliane Vendruscolo são atrizes tão boas, estão tão inteiras em cena, que tudo o que vai fora da ação delas, embora contribua significativamente com o todo, interessa menos ao que há de essencial no diálogo proposto. Mas vamos lá, antes que eu comece teorizar, quero agradecer muitíssimo a todos (uma plateia de responsa) que foram compartihar a peça conosco. Obrigado de coração. E hoje seguimos, com o desejo de ir ainda mais fundo na "coisa". A sessão dessa terça-feira será às 21 horas. Até lá. Bjs.

terça-feira, 29 de março de 2011

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Entrevista que a crítica teatral Luciana Romagnolli fez comigo. Foi publicada em seu blog (http://travessiasculturais.blogspot.com/2011/03/teatro-contemporaneo-nao-e-o-sangue-mas.html), no último sábado. Por causa dos ensaios, eu não tinha tido tempo de postá-la aqui. Mas agora deu certo. Acompanhe nossa conversa, feita por email.

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"Teatro contemporâneo não é o sangue, mas o vermelho"

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por Luciana Romagnolli

sábado, 26 de março de 2011

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Publiquei na Gazeta do Povo de hoje, em "participação especial", um Caderno G Ideias sobre Teatro Contemporâneo, a partir das peças em cartaz no Festival de Curitiba.

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Leiam aqui:






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Claro que sobrou um grande material das conversas com minhas fontes e, por julgá-lo interessante, vou disponibilizar aqui. Começo pela entrevista com o dramaturgo e diretor Luiz Felipe Leprevost, bastante generoso em suas respostas. Confiram:

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Pra começar, o que você entende por teatro contemporâneo e como articula operações e conceitos desse teatro na sua pesquisa de linguagem - por exemplo, em "O Butô de Mick Jagger"?

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Embora devêssemos entender por teatro contemporâneo tudo o que é produzido nos dias que correm, noto que se convencionou nomear assim uma parte bem específica do que temos visto em cena. Entenda-se: um teatro em que personagens dão lugar à subjetividades, polifonia de vozes, à imagética e sinestesia. Temos mais a música como suporte do que o enredo, ou então o enredo inserido na possibilidade do sonho, do ilógico, indiferente à regras da linearidade, promovendo fusões de tempo e espaço, exigindo do raciocínio. Narração e representação correndo simultâneas, apropriadas de ideias de distanciamento, admitindo variados pontos de vista, libertas do que se entende por causa e efeito e desenlace da trama. Assim, o teatro contemporâneo vai mais perguntando que respondendo, estruturando paradoxos, evitando ser moralizante. Temos mais a imagem do que o discurso e, se temos o discurso, ele vem sem psicologismo, com insolência e visão de mundo singular. Todavia, não encaremos nenhum destes elementos e características como obrigatórios, ou como fossem uma receita. O que mais me encanta nas possibilidades do que pode ser de fato o teatro contemporâneo é a vocação que nele encontro para rejeitar fórmulas e modos unilaterais de se pensar e fazer e criar realidades paralelas.

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No caso específico da peça O Butô Mick Jagger, há uma apropriação explícita tanto do Butô, de seus fluxos e suas contorções ritualísticas de acesso ao reino dos mortos, como também do universo pop sucateado que se vê no rock dito clássico e em dois de seus ícones, Mick Jagger e Kurt Cobain. A escritura do texto, digo, o desenho dele na página, mimetiza a dança, quero dizer, a forma como as palavras estão espalhadas ali sugerem ao leitor que são um corpo que está dançando. E foi daqui, do texto, que eu e as atrizes partimos, para logo ver tudo se complicar ainda mais na encenação.

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Identifiquei nos últimos cinco anos pelo menos uma tendência em Curitiba ao teatro narrativo, de personagens não delineados, pouca ação e uma relação diferente com o público. Como você percebe o teatro contemporâneo praticado na cena curitibana?

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De fato, o que você identificou é muito o que venho notando também. É claro que há uma tendência no ar, uma espécie de território reconhecível, comum a todos, de onde se parte para a tentativa de cada um em ser original, pessoal, singular. De qualquer modo, o que idealizamos jamais será o que de fato conseguimos fazer, então se admitimos que somos seres imperfeitos e diferentes uns dos outros, como não teríamos obras diferentes? Claro que o que se partilha sempre é defeituoso. Acredito que a consciência disso, a desistência de querer ser deus enquanto criamos, é o que nos aproxima de nós mesmos e do público e, por conseqüência, faz-nos originais. Admito, não falei muito objetivamente sobre a cena curitibana. Mas me pergunto se os que dentro dela melhor realizam o que se está chamando de teatro contemporâneo, não são justamente os que, de um modo ou de outro, se relacionam madura e ousadamente com toda essa confusão entre ideal e forma, desejo e frustração. É um jeito meu de ver as coisas, certamente muitos pensam diferente. Que bom.

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Quem são os grupos ou diretores que se movem nesse sentido e quais as questões ou tendências mais visíveis?

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A julgar pelos trabalhos da Companhia Silenciosa, do Heliogábalus, da Cia. Senhas, da Companhia Brasileira, Obragem, e Marcos Damaceno Companhia de Teatro, e da 1801, da Armadilha, Teatro de Breque, Pausa, Transitória, Súbita, Acruel, Subjétil, e o Couve-flor (algumas nomes que lembrei de cabeça agora), não há dúvida, temos uma cena com foco no contemporâneo admirável. Cada uma destas companhias tem pesquisa própria, com ênfase em aspectos diferentes (performance, texto, rito, música da fala, criação coletiva, etc), mas que se tocam e se irmanam. Sinceramente, estamos muito bem servidos. Quem acompanha estes grupos reafirma para si a todo momento que, de fato, não há formulas nem regras obrigatórias. São coletivos que se empenham na missão de não permitir que o teatro seja um museu tomado por tédio e mofo. Apostam que a comunhão em tempo presente, o que vem sendo chamado de presentificação, o compartilhamento, a interação, numa época em que somos multidões de sozinhos, quem sabe auxilie na tentativa de se devolver a humanidade ao humano.

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O público curitibano processa bem essas novas linguagens ou o espectador médio da cidade ainda se mostra atrelado às concepções aristotélicas ou de um teatro moderno? Isso prejudica a fruição das peças?

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Tenho a impressão que todas estas características que se revelam no teatro contemporâneo inevitavelmente refletem o modo de ser do homem contemporâneo, que é fragmentado, sem certezas definitivas, suspenso entre as necessidades básicas e a alta tecnologia, etc. Daí que entendo que o teatro que muitos de nós tem tentado fazer, por levar isso tudo em conta, apresenta um grande respeito pelo individuo e suas particularidades (por que não dizer também subjetividades?). Assim, quem sabe, estejamos conseguindo ter um teatro um pouco mais democrático, o que respeita o indivíduo justamente porque é o que implica o individuo, então, se os conteúdos implicados reverberam, naturalmente se sociabilizam. Parece-me que essencialmente é isso o que temos de diferente do teatro atrelado meramente à noções aristotélicas, e daquele cujo objetivo é provocar uma identificação no expectador com a exposição de uma fatia da vida espelhada. Sabe, tenho uma tendência a superestimar o público. Quero crer ainda nos espaços do instinto, dos sentidos que pensam antes que o cérebro. Como disse Fernando Pessoa, a inteligência é um instinto. Claro que uma minoria do público domina o repertório técnico teatral para que se cobre dela maior atenção com a cena da cidade. Mas é evidente também que toda pessoa que se coloque em situação responderá de algum modo ao que é proposto. Sou otimista em relação a isso. A pergunta é: será que os que propõe estão preparados para uma abertura real, digo, para tratar a platéia como platéia atuante? Aqueles que disserem sim verdadeiramente estarão derrubando uma série de tabus, preconceitos e medos. De todo modo, é certo que o teatro será para sempre um bicho estranho, e eu acho bom que assim se dê.

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E Leprevost acrescentou:

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Certamente que o teatro será para sempre um bicho estranho (e eu acho bom que seja assim). Um ornitorrinco é um bicho estranho e nem assim deixa de ser algo de nosso mundo. Além do mais, se é tão incompreensível, por que minha vizinha, que nem sequer ouviu um dia falar em arte, tem um bicho desses dentro do apartamento dela?

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Sou o tipo de dramaturgo que escreve seus textos geralmente antes de começar os ensaios. Muitas vezes, para ser franco, nem tenho ensaios à vista, escrevo sem saber se um dia virei a ser encenado. Mas não quer dizer que eu seja um autor de gabinete (forma pejorativa com que alguns se referem aos dramaturgos) e que meus textos não possam sofrer alterações durante os ensaios para que se chegue, de comum acordo, no que é idealizado pela direção e elenco, especialmente quando sou eu mesmo o encenador – o que é raro.

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Sabe, o que idealizamos jamais será o que de fato conseguiremos fazer. A obra que se partilha, seja durante os ensaios ou mesmo depois da estréia durante a temporada, sempre é defeituosa. . Não sei se acredito ser possível mudar o mundo por meio do teatro. Mas tenho fé na interação. E interação, numa época em que somos multidões de sozinhos, quem sabe auxilie na tentativa de se devolver a humanidade ao humano.

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Não aconselho você usar os elementos que se estuda em oficinas de dramaturgia contemporânea todos eles em uma única obra. Seria até ingênuo, pois ninguém dá conta disso. É mais prudente e eficaz escolher e aplicar um ou outro procedimento de criação e construção. E, mesmo assim, pode ter certeza que se o texto for potente, se tiver algo ali a mais do que palavras amontoadas, tomará vida própria e fará o que quiser com você. Sim, (já foi bastante dito, não é?) são os textos que nos escolhem e nos escrevem, não nós a eles. A técnica então deve ser estudada apenas para não atrapalhar a mão, que quer ser selvagem.

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Apropriando-se da máxima de Godard, pode ser dito que o teatro contemporâneo não é o sangue, mas o vermelho.

segunda-feira, 28 de março de 2011

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.....Juliana Galdino em Hieronymus nas Masmorras. Estréia 04 de abril, no Festival de Teatro de Curitiba. Com direção de Roberto Alvim. E texto de Luiz Felipe Leprevost (eu mesmo). As fotos são de autoria de Bob Sousa.

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quinta-feira, 24 de março de 2011

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Charge de Noviski
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*Poema de W.H. Auden
em tradução de Rodrigo Madeira
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Funeral Blues
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Parem os relógios, cortem o telefone,
Ao cão que ladra um osso que emudeça a fome.
Calem os pianos e, ao rufar dos tambores,
Tragam o caixão, deixem vir os pranteadores.
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Deixem que os aviões lamentem pelo céu,
escrevendo a mensagem: Sim, Ele Morreu.
Amarrem fitas de luto nas pombas públicas,
E que os guardas de trânsito usem negras luvas.
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Ele era meus dias úteis e meu descanso,
Meu meio-dia, meia-noite, fala e canto,
Era meu Norte, meu Sul, Leste e Oeste ao lado;
Pensei fosse o amor eterno: eu estava errado.
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Quem quer estrelas? Apaguem-nas uma a uma;
Desmontem o sol, tratem de embrulhar a lua,
E escorram todo o mar, ponham fora a floresta.
Porque nada disso (que ainda existe) presta.
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tradução: Rodrigo Madeira
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Funeral Blues
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Stop all the clocks, cut off the telephone,
Prevent the dog from barking with a juicy bone,
Silence the pianos and with muffled drum
Bring out the coffin, let the mourners come.
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Let aeroplanes circle moaning overhead
Scribbling on the sky the message He is Dead.
Put crepe bows round the white necks of the public doves,
Let the traffic policemen wear black cotton gloves.
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He was my North, my South, my East and West,
My working week and my Sunday rest,
My noon, my midnight, my talk, my song;
I thought that love would last forever: I was wrong.
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The stars are not wanted now; put out every one,
Pack up the moon and dismantle the sun,
Pour away the ocean and sweep up the woods;
For nothing now can ever come to any good.

domingo, 20 de março de 2011

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Ensaio da peça o Butô do Mick Jagger
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estréia dia 30 de março
no Festival de Teatro de Curitiba
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*As fotos são de Rosano Mauro
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Débora Vecchi
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Ciliane Vendruscolo
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LF Leprevost, Ana Larousse, Mario Netto
Ciliane Vendruscolo e Débora Vecchi
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Débora Vecchi e Ciliane Vendruscolo

sexta-feira, 18 de março de 2011

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A jornalista Sheila Gorski do Em Cartaz (site muito bacana) fez uma entrevista comigo sobre a montagem de O Butô do Mick Jagger e minha participação no Festival de Teatro de Curitiba.
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A entrevista foi publicada hoje no Em Cartaz (http://emcartaz.net/artes/1934/). Também a reproduzo na íntegra logo abaixo. Bjs.
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Luiz Felipe Leprevost
e o Butô de Mick Jagger
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18 de março de 2011
por Sheila Gorski
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Leprevost fotografado por Adriano Valenga Carneiro

Luiz Felipe Leprevost é ator, escritor, poeta, músico, dramaturgo e gosta de torta de limão, apostando ultimamente em cheesecakes. Nesse Festival de Curitiba duas peças são assinadas com sua inspiração: Hieronymus nas masmorras e o Butô de Mick Jagger. O primeiro título faz alusão ao nome do pintor holandês Hieronymus Bosch. Sobre a outra peça, que estará no Teatro da Caixa entre 30/03 e 03/04, confira a entrevista do Em Cartaz com Leprevost:

Como foi a criação do texto O Butô do Mick Jagger, que diga-se de passagem, tem um título bem curioso! Por que tem esse nome? O que te inspirou a escrever esse texto e teria algo, em essência, que gostaria de transmitir?

A primeira versão de O Butô do Mick Jagger foi escrita para uma encomenda, há mais ou menos três anos. A diretora Nina Rosa Sá queria encenar algum texto meu. Então martelei o computador e um universo se impôs. Eu, ao modo beatnik, vomitei a história de duas (ou uma?) estrelas decadentes do rock.
Ao longo dos anos, no entanto, voltei um sem-número de vezes ao texto. O que estou levando ao palco no Festival de Curitiba é o nono ou décimo tratamento. Reelaborei incansavelmente a estrutura inteira, escolhi palavra por palavra, tive grande preocupação com a síntese. E posso afirmar que O Butô do Mick Jagger de agora sofreu influência do dramaturgo e diretor Roberto Alvim, orientador do Núcleo de Dramaturgia do SESI/PR.
A peça tem tal nome porque contém uma apropriação explícita da dança japonesa, de seus fluxos e suas contorções ritualísticas de acesso ao reino dos mortos, às sombras, como também do universo pop sucateado que se vê no rock clássico, especialmente em dois de seus ícones: Mick Jagger e Kurt Cobain. A escritura do texto, o desenho dele na página, mimetiza a dança. Quero dizer, a forma como as palavras estão espalhadas ali sugerem ao leitor que são um corpo que está em ação. E foi daqui, do texto, que eu e as atrizes partimos, para logo ver tudo se complicar ainda mais na encenação.

Como está a expectativa para ao Festival de Curitiba?

Tento não ficar ansioso nem cultivar muitas ilusões. Sabe, tenho aproveitado bem os momentos, respeitando o tempo de cada coisa. Processos teatrais não são fáceis, conforme nos aprofundamos, lidamos com forças que não conhecemos bem. Mas para a aventura de agora não poderia estar melhor acompanhado. A cada dia fico mais entusiasmado com os ensaios, com a construção da peça. Conseguimos formar um grupo e tanto de criação. As atrizes (Ciliane Vendruscolo e Débora Vecchi) são talentosas e totalmente comprometidas com o trabalho. O que mais posso querer? Nossas apresentações serão no Teatro da Caixa, que tem ótima estrutura e, apesar dos poucos anos em atividade, tradição na cidade. Espero que o público venha assistir a peça e que o diálogo (que é o mais difícil) entre nós se dê realmente.

Tem planos para esse ano, seja na literatura, dramaturgia, interpretação?

Logo após o Festival, ainda em abril, será a vez do meu novo livro de contos Manual de putz sem pesares. O lançamento fará parte do ZOONA – encontro literário de Curitiba. Em maio ou junho, minha peça Hieronymus nas masmorras (também no Festival, teatro José Maria Santos, com direção de Roberto Alvim e Juliana Galdino no elenco) entra em cartaz em São Paulo, no teatro da Cia. Club Noir. No segundo semestre, possivelmente vou passar maior parte do tempo no Rio de Janeiro, dando sequência a alguns projetos que venho desenvolvendo em colaboração com a Pangéia Cia. de Teatro e seu diretor Diego de Angeli. Isso, claro, se e a vida não me obrigar outros rumos.

Site Em Cartaz

terça-feira, 15 de março de 2011

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Clique na imagem pra ampliar

sábado, 12 de março de 2011

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O crítico teatral Valmir Santos publicou em seu blog (http://teatrojornal.com.br/blog/2011/03/para-arriscar-se-no-fringe/) uma série de indicações de peças que estarão no Festival de Curitiba. Entre elas meu texto Hieronymus nas masmorras, com direção de Roberto Alvim, e Juliana Galdino no elenco. Valmir escreve coisas muito bacanas a respeito das peças e pessoas indicadas (veja logo abaixo, e confira também o seu blog, lá tem muito mais).
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por Valmir Santos
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Elenco 19 criações inéditas para este espectador e que estarão em cartaz no Fringe do Festival de Curitiba, de 30 de março a 10 de abril. O teatro de pesquisa é o norte. Históricos de núcleos que acompanho, parcerias artísticas e intuições guiam-me a conhecer outras geografias e modos de fazer e produzir pelo Norte e Nordeste. São algumas referências entre as cerca de 370 montagens da mostra paralela vindas de 19 Estados e Distrito Federal, conforme a organização. No post anterior, menciono os trabalhos que já assisti.
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Ana e o tenente
Rio de Janeiro / RJ
Por que: Ator com passagens importantes pelo Teatro da Vertigem e Sutil Companhia de Teatro, Joelson tem credenciais para surpreender na direção.
A sede eterna de se sentir vivo e a busca incessante por tomar a rédea do próprio destino são a tônica dessa história. Nesse contexto tão atual no qual as insatisfações pessoais se misturam às ansiedades do dia a dia, um homem convive com uma mulher. A partir daí é construída uma história nonsense como tantas outras de casal que se vê por aí.
Direção: Joelson Medeiros.
Autoria de texto: Rafel Camargo.
Elenco: Sergio Medeiros, Isabel Pacheco.
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Antes/depois
Rio de Janeiro / RJ
Por que: Diretor alemão que vive no Rio encena autor contemporâneo de mesma língua montado em vários países e desconhecido entre nós.
Sinopse: Em quartos de um hotel, em um bar ou na própria lembrança das personagens, espaço e tempo são suspensos em sequências surrealistas. Tristeza, humor, certeza e dúvida andam lado a lado na obra.
Direção: Ole Erdmann.
Autoria de texto: Roland Schimmelpfennig.
Elenco: Anita Mafra, Manoel Madeira, Ana Beatriz Macedo, Pedro Uchoa, Carol Costa, Jose Loreto.
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Antes do fim
A atriz Rosana Stavis e o diretor Damaceno já responderam por algumas das melhores criações da história do Fringe e mergulham numa tragédia contemporânea assinada por Bourscheid, do Núcleo de Dramaturgia do Sesi local. A montagem integra a Mostra Outros Lugares.
Sinopse: Na reescritura do mito grego de Ifigênia, o exílio, o abandono, a solidão e o sacrifício são os componentes de uma longa espera permeada pelas confissões, remorsos e discórdias de uma família que aguarda o retorno da filha mais velha.
Direção: Marcos Damaceno.
Autoria de texto: Marcelo Bourscheid.
Elenco: Zeca Cenovicz, Rosana Stavis , Eliane Campeli, Giovana de Liz.
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O bloco do eu sozinho
São Paulo / SP
Por que: Pergunta: como tratar cenicamente as canções tomadas de inspiração de um dos mais representativos álbuns da última década do rock nacional? É o desafio a que se propõe o Atocontínuo….
Sinopse: O espetáculo é uma “trilha cênica”, uma encenação do álbum homônimo da banda Los Hermanos a partir das opiniões, sensações e memórias dos atores sobre o disco.
Com: Atocontínuo…
Direção: Rafael Truffaut
Elenco: Eder Bastos, Fernanda Otaviano, Vanessa Ouros, Tom Paranhos.
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A caolha
Rio de Janeiro / RJ
Por que: O núcleo artístico nutre uma trajetória desde 1994 e visita o universo do melodrama circense nessa narrativa com excertos musicais cantados e tocados pelos próprios intérpretes. Faz parte da Mostra Novelas de Todos os Cantos.
Sinopse: O espetáculo conta a curiosa história da mulher cujo aspecto infundia “terror às crianças e repulsão aos adultos”. Até mesmo seu filho Antonico, conforme vai crescendo, vê o amor pela mãe ser substituído pela repugnância e pela revolta, uma vez que é menosprezado por todos por ser “filho da caolha”. Ninguém sabe, no entanto, como e por que a “caolha” teve , há muitos anos, um olho extraído. A revelação final da causa marcará ainda mais a vida do filho Antonico.
Direção: João Batista.
Autoria de texto: João Batista.
Elenco: Péricles Amim, Sonia Praça , Giselda Mauler, Cleiton Rasga , Leonardo Miranda , Julia Deccache.
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Esperando Godot e Lullaby: Por quem choram as pedras
São Luís / MA
Por que: Nascido em 2010, por iniciativa de estudantes de graduação e pós da UFMA, o grupo de São Luís vem de Beckett e um manifesto poético, dois trabalhos fincados no experimento. E ocuparão espaço propício em Curitiba, a Casa Hoffman, cujo Centro de Estudos do Movimento é dado a explorações estéticas.
Sinopse: Na perspectiva do grupo maranhense, Esperando Godot revela as conseqüências maléficas da modernidade. Viver se tornou o maior dos absurdos e a vida perdeu os sentidos diante das atrocidades iminentes de um século, o XX, revestido de guerras, mortes e revoluções – como o século XXI. Estragon e Vladimir estão condenados a um trabalho inútil, mórbido, como um eterno rito de passagem que não passa.
Direção: Abimaelson Santos e Darcy Sousa.
Autoria de texto: Samuel Beckett.
Elenco: Raphael Brito, Gilberto Martins, Abimaelson Santos, Almir Pacheco, Jurandir Eduardo Jr.
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*Sinopse: Lullaby… é definido como manifesto poético em forma de experimento cênico. Ágata e Jaspe vivem perdidos em um mundo de sonhos e desejos frustrados, em que a dicotomia entre vida e morte confunde-se diante da melancolia e da ansiedade de ambos.
Com: Núcleo de Pesquisas Teatrais Rascunho.
Direção: Núcleo de Pesquisas Teatrais Rascunho.
Autoria de texto: Aline Nascimento.
Elenco: Raphael Brito, Aline Nascimento.
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Fim de partida
São Paulo / SP
Por que: Em 16 anos de envolvimento com o teatro de grupo, Cesar Ribeiro flertou várias vezes com os sentidos absurdos, metafísicos e surrealistas da cena. Tem predileção por planos oníricos, suspensões poéticas à maneira audiovisual. O poder, em seus vários níveis, é sempre colocado em xeque. Não lhe faltaram incursões pela obra de Beckett. Como agora, no novo processo criativo do Grupo Garagem 21, justo um dos clássicos do dramaturgo irlandês.
Sinopse: Influenciado pela linguagem de desenhos animados e games eletrônicos, o núcleo paulistano apresenta a peça em que um cego em cadeira de rodas, um homem que não consegue sentar e um casal de velhos que vivem dentro de latas de lixo desenvolvem seus jogos de poder em um abrigo numa terra devastada.
Com: Grupo Garagem 21.
Direção: Cesar Ribeiro.
Autoria de texto: Samuel Beckett.
Elenco: Paulo Campos, Bira Honorato, Keli Viacelli, Willians Fioque.
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Habitué e Mínimo contato
Curitiba / PR
O diretor foi apontado como revelação no Troféu Gralha Azul do ano passado, por Habitué. É a distinção “oficial” do meio teatral na cidade. França também é dramaturgo e ator na Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro. O espetáculo faz parte da Mostra Outros Lugares. A trinca de funções – autoria, encenação e atuação com outros pares – é repetida em Mínimo contato, que estreia no Fringe dentro da Mostra Novos Repertórios.
Sinopse: Uma mesa de bar, um copo americano e uma mente perturbada. Estes são os principais elementos que compõem a atmosfera de Habitué. Num tempo indefinido, um homem conversa com vozes que habitam a sua mente e, ao tentar reconstruir a sua trajetória, é tragado por um turbilhão de questões morais mal resolvidas.
Com: Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro.
Direção: Alexandre França.
Autoria de texto: Alexandre França.
Elenco: Maia Piva, Otavio Linhares, Alexandre França.
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*Sinopse: Mínimo contato fala sobre a contemplação da tortura no mundo atual. Dois indivíduos, que não se conhecem, começam um diálogo insólito sobre algo que aconteceu no passado. A partir daí, um inventário de torturas físicas e psicológicas é colocado num espaço onírico, onde percebemos um embate entre duas subjetividades diferentes. Dentro da lógica dos sonhos, agressor e vítima irão se misturar.
Com: Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro.
Direção e Autoria de texto: Alexandre França.
Elenco: Alexandre França, Otavio Linhares, Michelle Pucci.
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Hieronymus nas masmorras
Por que: Leprevost é um rapaz profícuo e inquieto em seus escritos, na prosa, na poesia, na dramaturgia. Eis um interlocutor recorrente de núcleos experimentais de Curitiba. Aqui, seu texto, cuja sinopse sugere pincelar a tragédia contemporânea com as cores sombrias do holandês Bosch, é submetido ao crivo estético do Club Noir de Alvim e Galdino, em São Paulo. A montagem integra o segmento Sesi Dramaturgia.
Sinopse: Num jogo lírico-narrativo de múltiplas vozes, repleto de camadas de interpretação, apresenta o aparecimento de um novo mito (criminoso ou vítima?), surgido num tempo em que a ordem mundial transita do desamparo à barbárie com a velocidade de um piscar de olhos que dura um piscar de olhos do poder e exploração em séculos e séculos de tragédia humana agora.
Autor: Luiz Felipe Leprevost.
Direção: Roberto Alvim.
Elenco: Juliana Galdino.
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Homem piano – Uma instalação para a memória
Curitiba / PR
Por que: As criações da CiaSenhas chamam atenção pela consistência da linguagem do que pesquisa e produz, como nesse não-espetáculo com Bertazzo pelas entranhas da sede do grupo no centro velho.
Sinopse: Um ator conduz o público pelos três andares da sede da companhia. No percurso, as lembranças e os esquecimentos de todos tecem a narrativa. O público é convidado a recordar suas memórias e, se quiser, ao final, poderá doá-las ao personagem.
Com: CiaSenhas de Teatro.
Direção e autoria de texto: Sueli Araujo.
Elenco: Luiz Bertazzo.
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Iauretê
Salvador / BA
Por que: Para conhecer a linguagem étnica e mestiça dominante nas mais de três décadas de pesquisa da diretora Spósito, desaguada na fusão de Guimarães Rosa com Darcy Ribeiro.
Sinopse: A peça é uma livre adaptação do conto Meu tio o Iauretê, de Guimarães Rosa, e da obra literária Maíra, de Darcy Ribeiro. Cruza as histórias de dois personagens: Oxim, um místico caboclo onceiro, e Mehín, índio que revela a ancestralidade e os impactos da civilização nos povos indígenas brasileiros.
Direção e autoria de texto: Lia Spósito.
Elenco: Victor Kizza, Maria Janaina.
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Metaformose Leminski – Reflexões de um herói que não quer viver pedra
Curitiba / PR
Por que: Edson Bueno dispõe de bagagem de mais de três décadas com seu Delírio para ousar essa pororoca cênica com a prosa poética e ensaística de Leminski.
Sinopse: Narciso, Eco, Afrodite, Édipo, Medusa e Ícaro, numa experiência contemporânea, apresentam-se diante da plateia e contam suas histórias. Buscam na experiência viva dos atores a associação com os dramas e conflitos urbanos e modernos. Paulo Leminski e sua palavra viva de caos e iconoclastia são a matéria prima para a construção de uma dramaturgia violenta e escancarada, segundo os criadores.
Com: Grupo Delírio Companhia de Teatro.
Direção: Edson Bueno.
Autoria de texto: Paulo Leminski/Edson Bueno.
Elenco: Marcia Maggi, Diego Marchioro, Tiago Luz, Pagu Leal, Guilherme Fernandes, Gabriel Manita.
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Música para cortar os pulsos
São Paulo / SP
Por que: O melhor espetáculo jovem de 2010, de acordo com a Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA). A montagem concebida e dirigida por Rafael Gomes faz parte da Mostra Novelas de Todos os Cantos.
Sinopse: Em dez cenas curtas, as histórias amorosas de três jovens se desenrolam com a intensidade (e ao som) das músicas para cortar os pulsos: Isabela sofre porque foi abandonada, Felipe quer se apaixonar e Ricardo, seu amigo, está apaixonado por ele.
Com: Empório de Teatro Sortido.
Direção: Rafael GomesAutoria de texto: Rafael Gomes.
Elenco: Mayara Constantino, Kauê Telloli, Victor Mendes.
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Oxigênio
Curitiba / PR
Por que: Os criadores da Companhia Brasileira de Teatro, os mesmos de Vida, introduzem o dramaturgo siberiano Ivan Viripaev, que também é diretor, ator, cineasta e roteirista. A peça é de 2002.
Sinopse: A trama parte de um crime passional. Um homem, acusado pelo assassinato da própria mulher, é condenado, juntamente com sua amante. A partir desta fábula, começa uma discussão, polêmica e poética, sobre dramas de uma geração e o que é o “oxigênio” de cada um de nós.
Com: Companhia Brasileira de Teatro.
Direção: Marcio AbreuTexto: Ivan Viripaev.
Elenco: Patrícia Kamis, Rodrigo Bolzan e Gabriel Schwartz.
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A pereira da tia miséria
Londrina / PR
Por que: Grupo de teatro de rua equilibra-se na fronteira do circo-teatro com pesquisa continuada sobre perna-de-pau e apuro no trabalho de voz ao ar livre, segundo avaliza a cantora e atriz Simone Mazzer, da Armazém Companhia de Teatro.
Sinopse: A Fome personificou-se em uma criança, filha da Miséria, e separou-se de sua mãe passando a percorrer o mundo levando sofrimento. Tia Miséria, no dia em que deveria morrer, engana a Morte e decide viver à procura de seu filho. A narrativa fala de temas universais como a miséria que parece imortal, a fome que dela provém e a morte que apesar de temida torna-se necessária para a renovação da vida.
Direção: Coletiva.
Autoria de texto: Luan Valero.
Elenco: Luan Valero, Rogério Costa, Guilherme Kirchheim, Bruna Stéphanie, Thunay Tartari, Camila Feoli.
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Pólvora e poesia
Salvador / BA
Por que: O combatente Guerreiro, um dos marcos da comédia e do musical baianos com A bofetada (1988) e Os cafajestes (1994), surge no Fringe com um registro investigativo diverso, o drama de ideias, mas que sempre costurou em cerca de três décadas de teatro. Está em boa companhia: Rimbaud, Verlaine e o premiado texto de Nogueira revelado na bem-sucedida montagem paulistana de Marcio Aurélio dez anos atrás. Pólvora e poesia soteropolitano universal.
Sinopse: Um confronto entre a razão, a paixão e a vida desregrada de dois poetas transformadores de seu tempo – Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. Um encontro entre a dramaturgia clássica e o teatro contemporâneo.
Com: Hiperativa Comunicação e Cultura.
Direção: Fernando Guerreiro.
Autoria de texto: Alcides Nogueira.
Elenco: Talis castro, Caio Rodrigo.
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Strangenos
São Paulo / SP
Por que: A diretora costarriquenha radicada no Brasil desenvolveu essa pesquisa na USP, resultando a parceria artística com Alberti e, daí, o solo, primeiro trabalho do núcleo que circulou por encontros internacionais.
Sinopse: Conta a história de migrantes em busca de um sonho. Tentando se encontrar num cotidiano distante da terra natal, embarcam numa viagem para dentro de si num novo cotidiano e vivem num embate constante com problemas de comunicação, a loucura das grandes cidades e a solidão na velhice.
Direção: Gina Monge.
Autoria de texto: Daniel Alberti e Gina Monge.
Elenco: Daniel Alberti.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Olha aí
Estréia de O BUTÔ DO MICK JAGGER
no Festival de Curitiba
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Clique na imagem pra ampliar

segunda-feira, 7 de março de 2011

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Teatro

tem que ser bonito
plástico estético
tem que ser profissa
muito ético e técnico

tem que ter paixão
tem que ver verdade
tem que ter talento
e muita intensidade

tem que ter conforto
conteúdo nos conformes
não tem tempo morto
nas pausas enormes

ter ou não ter trama
os gregos vem primeiro
tem que fazer fama
tem que dar dinheiro

mas por ora
vai fazendo por amor
e o ator
não pode representar

quinta-feira, 3 de março de 2011

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Cine Luz

o amor é lindo
lindo lindo e sempre
vamos sozinhos um
dentro do amor do outro

e o amor é tudo
tudo tudo duas solidões
dividindo o mesmo
guarda-chuva em
direção a um filme
francês no Cine Luz

e o amor salva
salva salva compondo
músicas redentoras
para ouvirmos quando
estivermos deitados

e de algum modo
haverá detritos detritos
detritos no colchão
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este poema também foi belamente musicado pelo Troy Rossilho

quarta-feira, 2 de março de 2011

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Inimaginável

um dia vou me perder
eu vou entrar fundo
vou atravessar a fronteira
mais escura do mundo

um abismo nublado pode estar
tramando algo inimaginável

eu vou fazer turismo
dentro do próprio organismo
vou me aventurar no meu centro
não posso fugir de mim
se só tenho saídas pra dentro
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meu parceiro Troy Rossilho musicou este poema