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Naquela manhã, numa Flip em que estive como público (foram duas, ou três, não sei exatamente), entrei na enorme fila de autógrafos da escritora Adélia Prado. Eu já havia lido a poesia completa dela e alguma prosa. Mas não trazia livro debaixo do braço no momento. Eu era um dos últimos e, depois de mais de 1 hora na fila, quando chegou a minha vez, ela disse em seu conhecido sotaque mineiro: Uai, ficou nessa fila imensa só pra me dar um abraço? Sim, respondi, e pra dizer que sua poesia é fundamental pra mim. Havia ênfase na palavra, como se “fundamental” pudesse abarcar uma infinidade de sensações, sentimentos, experiências de minha vida. Então ela perguntou: Você também escreve? Escrevo, mas..., e completei a frase com um profundo suspiro. Ela apertou a minha mão e disse: Posso pedir uma coisa a você, filho? Nessa altura eu já chorava. Pode pedir sim. E ela: Promete que não vai parar de escrever? Aconteça o que acontecer, não pare, tá bem? Não vou parar, prometo, eu falei. Ela sorriu. Então dei um beijo em sua bochecha, agradeci com o meu melhor coração e saí caminhando sobre as pedras tortuosas das ruas de Parati.
Tem uma história parecida - Marcos Prado me contou que uma vez recebeu um prêmio das mãos de Ferreira Gullar, o qual praticamente exigiu: "não pare de escrever, por favor!"
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