sábado, 12 de março de 2011

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O crítico teatral Valmir Santos publicou em seu blog (http://teatrojornal.com.br/blog/2011/03/para-arriscar-se-no-fringe/) uma série de indicações de peças que estarão no Festival de Curitiba. Entre elas meu texto Hieronymus nas masmorras, com direção de Roberto Alvim, e Juliana Galdino no elenco. Valmir escreve coisas muito bacanas a respeito das peças e pessoas indicadas (veja logo abaixo, e confira também o seu blog, lá tem muito mais).
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por Valmir Santos
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Elenco 19 criações inéditas para este espectador e que estarão em cartaz no Fringe do Festival de Curitiba, de 30 de março a 10 de abril. O teatro de pesquisa é o norte. Históricos de núcleos que acompanho, parcerias artísticas e intuições guiam-me a conhecer outras geografias e modos de fazer e produzir pelo Norte e Nordeste. São algumas referências entre as cerca de 370 montagens da mostra paralela vindas de 19 Estados e Distrito Federal, conforme a organização. No post anterior, menciono os trabalhos que já assisti.
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Ana e o tenente
Rio de Janeiro / RJ
Por que: Ator com passagens importantes pelo Teatro da Vertigem e Sutil Companhia de Teatro, Joelson tem credenciais para surpreender na direção.
A sede eterna de se sentir vivo e a busca incessante por tomar a rédea do próprio destino são a tônica dessa história. Nesse contexto tão atual no qual as insatisfações pessoais se misturam às ansiedades do dia a dia, um homem convive com uma mulher. A partir daí é construída uma história nonsense como tantas outras de casal que se vê por aí.
Direção: Joelson Medeiros.
Autoria de texto: Rafel Camargo.
Elenco: Sergio Medeiros, Isabel Pacheco.
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Antes/depois
Rio de Janeiro / RJ
Por que: Diretor alemão que vive no Rio encena autor contemporâneo de mesma língua montado em vários países e desconhecido entre nós.
Sinopse: Em quartos de um hotel, em um bar ou na própria lembrança das personagens, espaço e tempo são suspensos em sequências surrealistas. Tristeza, humor, certeza e dúvida andam lado a lado na obra.
Direção: Ole Erdmann.
Autoria de texto: Roland Schimmelpfennig.
Elenco: Anita Mafra, Manoel Madeira, Ana Beatriz Macedo, Pedro Uchoa, Carol Costa, Jose Loreto.
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Antes do fim
A atriz Rosana Stavis e o diretor Damaceno já responderam por algumas das melhores criações da história do Fringe e mergulham numa tragédia contemporânea assinada por Bourscheid, do Núcleo de Dramaturgia do Sesi local. A montagem integra a Mostra Outros Lugares.
Sinopse: Na reescritura do mito grego de Ifigênia, o exílio, o abandono, a solidão e o sacrifício são os componentes de uma longa espera permeada pelas confissões, remorsos e discórdias de uma família que aguarda o retorno da filha mais velha.
Direção: Marcos Damaceno.
Autoria de texto: Marcelo Bourscheid.
Elenco: Zeca Cenovicz, Rosana Stavis , Eliane Campeli, Giovana de Liz.
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O bloco do eu sozinho
São Paulo / SP
Por que: Pergunta: como tratar cenicamente as canções tomadas de inspiração de um dos mais representativos álbuns da última década do rock nacional? É o desafio a que se propõe o Atocontínuo….
Sinopse: O espetáculo é uma “trilha cênica”, uma encenação do álbum homônimo da banda Los Hermanos a partir das opiniões, sensações e memórias dos atores sobre o disco.
Com: Atocontínuo…
Direção: Rafael Truffaut
Elenco: Eder Bastos, Fernanda Otaviano, Vanessa Ouros, Tom Paranhos.
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A caolha
Rio de Janeiro / RJ
Por que: O núcleo artístico nutre uma trajetória desde 1994 e visita o universo do melodrama circense nessa narrativa com excertos musicais cantados e tocados pelos próprios intérpretes. Faz parte da Mostra Novelas de Todos os Cantos.
Sinopse: O espetáculo conta a curiosa história da mulher cujo aspecto infundia “terror às crianças e repulsão aos adultos”. Até mesmo seu filho Antonico, conforme vai crescendo, vê o amor pela mãe ser substituído pela repugnância e pela revolta, uma vez que é menosprezado por todos por ser “filho da caolha”. Ninguém sabe, no entanto, como e por que a “caolha” teve , há muitos anos, um olho extraído. A revelação final da causa marcará ainda mais a vida do filho Antonico.
Direção: João Batista.
Autoria de texto: João Batista.
Elenco: Péricles Amim, Sonia Praça , Giselda Mauler, Cleiton Rasga , Leonardo Miranda , Julia Deccache.
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Esperando Godot e Lullaby: Por quem choram as pedras
São Luís / MA
Por que: Nascido em 2010, por iniciativa de estudantes de graduação e pós da UFMA, o grupo de São Luís vem de Beckett e um manifesto poético, dois trabalhos fincados no experimento. E ocuparão espaço propício em Curitiba, a Casa Hoffman, cujo Centro de Estudos do Movimento é dado a explorações estéticas.
Sinopse: Na perspectiva do grupo maranhense, Esperando Godot revela as conseqüências maléficas da modernidade. Viver se tornou o maior dos absurdos e a vida perdeu os sentidos diante das atrocidades iminentes de um século, o XX, revestido de guerras, mortes e revoluções – como o século XXI. Estragon e Vladimir estão condenados a um trabalho inútil, mórbido, como um eterno rito de passagem que não passa.
Direção: Abimaelson Santos e Darcy Sousa.
Autoria de texto: Samuel Beckett.
Elenco: Raphael Brito, Gilberto Martins, Abimaelson Santos, Almir Pacheco, Jurandir Eduardo Jr.
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*Sinopse: Lullaby… é definido como manifesto poético em forma de experimento cênico. Ágata e Jaspe vivem perdidos em um mundo de sonhos e desejos frustrados, em que a dicotomia entre vida e morte confunde-se diante da melancolia e da ansiedade de ambos.
Com: Núcleo de Pesquisas Teatrais Rascunho.
Direção: Núcleo de Pesquisas Teatrais Rascunho.
Autoria de texto: Aline Nascimento.
Elenco: Raphael Brito, Aline Nascimento.
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Fim de partida
São Paulo / SP
Por que: Em 16 anos de envolvimento com o teatro de grupo, Cesar Ribeiro flertou várias vezes com os sentidos absurdos, metafísicos e surrealistas da cena. Tem predileção por planos oníricos, suspensões poéticas à maneira audiovisual. O poder, em seus vários níveis, é sempre colocado em xeque. Não lhe faltaram incursões pela obra de Beckett. Como agora, no novo processo criativo do Grupo Garagem 21, justo um dos clássicos do dramaturgo irlandês.
Sinopse: Influenciado pela linguagem de desenhos animados e games eletrônicos, o núcleo paulistano apresenta a peça em que um cego em cadeira de rodas, um homem que não consegue sentar e um casal de velhos que vivem dentro de latas de lixo desenvolvem seus jogos de poder em um abrigo numa terra devastada.
Com: Grupo Garagem 21.
Direção: Cesar Ribeiro.
Autoria de texto: Samuel Beckett.
Elenco: Paulo Campos, Bira Honorato, Keli Viacelli, Willians Fioque.
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Habitué e Mínimo contato
Curitiba / PR
O diretor foi apontado como revelação no Troféu Gralha Azul do ano passado, por Habitué. É a distinção “oficial” do meio teatral na cidade. França também é dramaturgo e ator na Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro. O espetáculo faz parte da Mostra Outros Lugares. A trinca de funções – autoria, encenação e atuação com outros pares – é repetida em Mínimo contato, que estreia no Fringe dentro da Mostra Novos Repertórios.
Sinopse: Uma mesa de bar, um copo americano e uma mente perturbada. Estes são os principais elementos que compõem a atmosfera de Habitué. Num tempo indefinido, um homem conversa com vozes que habitam a sua mente e, ao tentar reconstruir a sua trajetória, é tragado por um turbilhão de questões morais mal resolvidas.
Com: Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro.
Direção: Alexandre França.
Autoria de texto: Alexandre França.
Elenco: Maia Piva, Otavio Linhares, Alexandre França.
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*Sinopse: Mínimo contato fala sobre a contemplação da tortura no mundo atual. Dois indivíduos, que não se conhecem, começam um diálogo insólito sobre algo que aconteceu no passado. A partir daí, um inventário de torturas físicas e psicológicas é colocado num espaço onírico, onde percebemos um embate entre duas subjetividades diferentes. Dentro da lógica dos sonhos, agressor e vítima irão se misturar.
Com: Dezoito Zero Um – Companhia de Teatro.
Direção e Autoria de texto: Alexandre França.
Elenco: Alexandre França, Otavio Linhares, Michelle Pucci.
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Hieronymus nas masmorras
Por que: Leprevost é um rapaz profícuo e inquieto em seus escritos, na prosa, na poesia, na dramaturgia. Eis um interlocutor recorrente de núcleos experimentais de Curitiba. Aqui, seu texto, cuja sinopse sugere pincelar a tragédia contemporânea com as cores sombrias do holandês Bosch, é submetido ao crivo estético do Club Noir de Alvim e Galdino, em São Paulo. A montagem integra o segmento Sesi Dramaturgia.
Sinopse: Num jogo lírico-narrativo de múltiplas vozes, repleto de camadas de interpretação, apresenta o aparecimento de um novo mito (criminoso ou vítima?), surgido num tempo em que a ordem mundial transita do desamparo à barbárie com a velocidade de um piscar de olhos que dura um piscar de olhos do poder e exploração em séculos e séculos de tragédia humana agora.
Autor: Luiz Felipe Leprevost.
Direção: Roberto Alvim.
Elenco: Juliana Galdino.
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Homem piano – Uma instalação para a memória
Curitiba / PR
Por que: As criações da CiaSenhas chamam atenção pela consistência da linguagem do que pesquisa e produz, como nesse não-espetáculo com Bertazzo pelas entranhas da sede do grupo no centro velho.
Sinopse: Um ator conduz o público pelos três andares da sede da companhia. No percurso, as lembranças e os esquecimentos de todos tecem a narrativa. O público é convidado a recordar suas memórias e, se quiser, ao final, poderá doá-las ao personagem.
Com: CiaSenhas de Teatro.
Direção e autoria de texto: Sueli Araujo.
Elenco: Luiz Bertazzo.
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Iauretê
Salvador / BA
Por que: Para conhecer a linguagem étnica e mestiça dominante nas mais de três décadas de pesquisa da diretora Spósito, desaguada na fusão de Guimarães Rosa com Darcy Ribeiro.
Sinopse: A peça é uma livre adaptação do conto Meu tio o Iauretê, de Guimarães Rosa, e da obra literária Maíra, de Darcy Ribeiro. Cruza as histórias de dois personagens: Oxim, um místico caboclo onceiro, e Mehín, índio que revela a ancestralidade e os impactos da civilização nos povos indígenas brasileiros.
Direção e autoria de texto: Lia Spósito.
Elenco: Victor Kizza, Maria Janaina.
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Metaformose Leminski – Reflexões de um herói que não quer viver pedra
Curitiba / PR
Por que: Edson Bueno dispõe de bagagem de mais de três décadas com seu Delírio para ousar essa pororoca cênica com a prosa poética e ensaística de Leminski.
Sinopse: Narciso, Eco, Afrodite, Édipo, Medusa e Ícaro, numa experiência contemporânea, apresentam-se diante da plateia e contam suas histórias. Buscam na experiência viva dos atores a associação com os dramas e conflitos urbanos e modernos. Paulo Leminski e sua palavra viva de caos e iconoclastia são a matéria prima para a construção de uma dramaturgia violenta e escancarada, segundo os criadores.
Com: Grupo Delírio Companhia de Teatro.
Direção: Edson Bueno.
Autoria de texto: Paulo Leminski/Edson Bueno.
Elenco: Marcia Maggi, Diego Marchioro, Tiago Luz, Pagu Leal, Guilherme Fernandes, Gabriel Manita.
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Música para cortar os pulsos
São Paulo / SP
Por que: O melhor espetáculo jovem de 2010, de acordo com a Associação Paulista dos Críticos de Artes (APCA). A montagem concebida e dirigida por Rafael Gomes faz parte da Mostra Novelas de Todos os Cantos.
Sinopse: Em dez cenas curtas, as histórias amorosas de três jovens se desenrolam com a intensidade (e ao som) das músicas para cortar os pulsos: Isabela sofre porque foi abandonada, Felipe quer se apaixonar e Ricardo, seu amigo, está apaixonado por ele.
Com: Empório de Teatro Sortido.
Direção: Rafael GomesAutoria de texto: Rafael Gomes.
Elenco: Mayara Constantino, Kauê Telloli, Victor Mendes.
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Oxigênio
Curitiba / PR
Por que: Os criadores da Companhia Brasileira de Teatro, os mesmos de Vida, introduzem o dramaturgo siberiano Ivan Viripaev, que também é diretor, ator, cineasta e roteirista. A peça é de 2002.
Sinopse: A trama parte de um crime passional. Um homem, acusado pelo assassinato da própria mulher, é condenado, juntamente com sua amante. A partir desta fábula, começa uma discussão, polêmica e poética, sobre dramas de uma geração e o que é o “oxigênio” de cada um de nós.
Com: Companhia Brasileira de Teatro.
Direção: Marcio AbreuTexto: Ivan Viripaev.
Elenco: Patrícia Kamis, Rodrigo Bolzan e Gabriel Schwartz.
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A pereira da tia miséria
Londrina / PR
Por que: Grupo de teatro de rua equilibra-se na fronteira do circo-teatro com pesquisa continuada sobre perna-de-pau e apuro no trabalho de voz ao ar livre, segundo avaliza a cantora e atriz Simone Mazzer, da Armazém Companhia de Teatro.
Sinopse: A Fome personificou-se em uma criança, filha da Miséria, e separou-se de sua mãe passando a percorrer o mundo levando sofrimento. Tia Miséria, no dia em que deveria morrer, engana a Morte e decide viver à procura de seu filho. A narrativa fala de temas universais como a miséria que parece imortal, a fome que dela provém e a morte que apesar de temida torna-se necessária para a renovação da vida.
Direção: Coletiva.
Autoria de texto: Luan Valero.
Elenco: Luan Valero, Rogério Costa, Guilherme Kirchheim, Bruna Stéphanie, Thunay Tartari, Camila Feoli.
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Pólvora e poesia
Salvador / BA
Por que: O combatente Guerreiro, um dos marcos da comédia e do musical baianos com A bofetada (1988) e Os cafajestes (1994), surge no Fringe com um registro investigativo diverso, o drama de ideias, mas que sempre costurou em cerca de três décadas de teatro. Está em boa companhia: Rimbaud, Verlaine e o premiado texto de Nogueira revelado na bem-sucedida montagem paulistana de Marcio Aurélio dez anos atrás. Pólvora e poesia soteropolitano universal.
Sinopse: Um confronto entre a razão, a paixão e a vida desregrada de dois poetas transformadores de seu tempo – Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. Um encontro entre a dramaturgia clássica e o teatro contemporâneo.
Com: Hiperativa Comunicação e Cultura.
Direção: Fernando Guerreiro.
Autoria de texto: Alcides Nogueira.
Elenco: Talis castro, Caio Rodrigo.
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Strangenos
São Paulo / SP
Por que: A diretora costarriquenha radicada no Brasil desenvolveu essa pesquisa na USP, resultando a parceria artística com Alberti e, daí, o solo, primeiro trabalho do núcleo que circulou por encontros internacionais.
Sinopse: Conta a história de migrantes em busca de um sonho. Tentando se encontrar num cotidiano distante da terra natal, embarcam numa viagem para dentro de si num novo cotidiano e vivem num embate constante com problemas de comunicação, a loucura das grandes cidades e a solidão na velhice.
Direção: Gina Monge.
Autoria de texto: Daniel Alberti e Gina Monge.
Elenco: Daniel Alberti.

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