O Butô do Mick Jagger desnuda dependência agressiva
A encenação de O Butô do Mick Jagger, no Fringe deste ano, lança holofotes sobre o texto. O cenário se resume a uma cadeira e uma poltrona, além de alguns objetos. Todo o destaque vai para o diálogo furioso de Luiz Felipe Leprevost, um dos autores do Núcleo de Dramaturgia do Sesi/Paraná. A penumbra completa o clima de decadência das duas cantoras, vividas com seriedade pelas atrizes Ciliane Vendruscolo e Débora Vecchi. A raiva guardada pelas personagens vai sendo destilada em impropérios e verdades que revelam o quanto as duas estão envolvidas. Vivem um relacionamento íntimo, de dependência e agressividade que lembra Vladimir e Estragon, personagens épicos de Samuel Beckett em Esperando Godot. Se há menos rock do que o nome pode fazer esperar, a simulação do butô, dança fúnebre japonesa, traz uma mudança de clima na segunda metade com bom uso da iluminação. Uma boa estreia na direção de Leprevost. por Helenena Carnieri, Gazeta do Povo.
O link para a página da Gazeta: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/festivaldecuritiba/conteudo.phtml?id=1111569
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ResponderExcluirNada pode ser considerado hermético se as circunstâncias da ambivalência cênica subvertem o estático pelo estatístico. As obviedades brotam da carpintaria dramatúrgica sem o arremate do diversificado enigma aristotélico. Sempre haverá arte para denegrir ou evidenciar nossos pequenos gestos. O que toca é a veemência do altruísmo precoce e obsoleto.
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