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.....É, eu já sabia que teus olhos são catedrais onde missas badalam com fé. E o silêncio não janta jardins recônditos, oásis e paraísos escondidos no sono que, mesmo preenchido por pesadelos, é um vasto deserto. Por isso que, segundos antes de vê-la adormecer, queria escrever a canção de ninar e povoar teus olhos verdes feito a chuva dessa tarde. Uma canção que fosse não o furador de gelo da noite de ontem. Nem um crucifixo esquecido nalguma gaveta do passado. Mas uma reza pontiaguda e luzidia que dessa vez cegasse a mim, aniquilando meu desamparo de te perder para sempre — se é que isso já não aconteceu quanto está acontecendo nos últimos tempos. Mesmo assim sigo compondo rezas que sejam cantadas num teatro só ruídos. Rezas que nunca escurecessem os sons que teus olhos sem piscar ecoam, de um quarto bagunçado, decorado com escolhas erradas. E eu sigo fazendo o que sei pouco mas é só o que posso. Sigo fazendo música, pois minha maneira de rezar é te ver respirar dormindo os olhos abertos.
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*Parabéns, menininha de coração jacu.
Tudo de bom sempre. E sempre.
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