segunda-feira, 1 de novembro de 2010

.
Corpo a corpo com o carniceiro 1

Sabe, nosso ouvido devia vir com um mecanismo que nos tornasse incapazes para ouvir determinadas combinações de palavras. Há frases que desejam nosso pior mal.

Suporta. Suporta até esquecer.

Não deviam chegar pra você e dizer Fulana chupou o pau de sei lá quem. Principalmente se Fulana é a garota que você ama. Um amigo não devia dar em cima dela na tua frente. A garota que você ama não devia chupar o pau de um amigo teu. Ele não devia dar as bolas pra ela como fossem chupetas. Não devia esfregar os dedos no grelo dela. Socar e esporrar no cu dela. E depois fazer questão que você fique sabendo. Com todos os detalhes sórdidos. Não devia ser assim. As palavras deviam recusar a semântica numa hora dessas. Ninguém devia ser inteligente demais pra ouvir um troço desses e interpretar. As mulheres gostam desses filhos da puta. Ficam loucas com essa espécie de corpo a corpo com o carniceiro. Você...

Eu...

Teu corpo é bonito.

Obrigada.

Sabe, tem caras que têm que pagar pra ter uma mulher.

Você também pagou pra me ter.

Mas não pra meter, kkkk.

Pagou com obsessão.

Com a dependência. Mas não tem a ver com entranhas.

Sempre tem a ver com entranhas. E o pior não chegou.

E eu já me envergonho tanto.

Não precisa.

Seria bom não precisar.

Quando começou?

Quando ouvi você dizendo: Ele é o menino mais algodão doce que já conheci.

Nunca tinha tido alguém em quem pudesse caminhar por dentro à vontade, com os pés descalços.

Eu não quero ser o menino algodão doce.

Não dá pra escolher.

Quero ser o carniceiro.

Não dá pra esco...

QUERO SER O CARNICEIRO.

De que modo?

Não sei, mas com certeza não apenas com o que está ao alcance das mãos.

A gente não tem instinto quando bem entende.

Vamos foder, meu pau tá explodindo.

Não enche o saco.

E você, também se sente a pior do mundo com frequência?

Nenhum comentário:

Postar um comentário