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Foto: Cesar Brustolin
.Paço 1
no século XIX ele vivia às escuras
e cheirava a estrume das montarias e
das carroças misturado à lama das ruas
sua mente era marcada pelo sino das igrejas e
apitos dos engenhos e pelo cenário
cinza chuvoso que seus olhos retiam
ninguém jamais o veria sem guarda-chuva
em meio aos cafés confeitarias alfaiatarias
casas de moda cinemas chapelaria charutaria
ele era um cara parecido com Fernando Pessoa
ou talvez fosse o próprio
ao pé do Paço da Liberdade à época em que o Paço
não era o Paço mas o Mercado Municipal
sem dar bom dia a ninguém como alguém
que entrasse num elevador do
Centro Cívico numa segunda-feira
ele costumava pegar o bonde logo de manhã
em direção ao centro e seus cinemas
esconderijos perfeitos que muitos anos depois, digo
um dia viriam a ser o Ritz o Groff o Luz
pois, antes de mais nada
era um tímido patológico circulando por praças líricas
a conversar quando muito
em algum momento a conversar com a estátua
de um Generoso Marques que ainda nem mesmo
havia nem mesmo na pergunta
para que serve uma estátua?
muito belo, felipe.
ResponderExcluirrodolfo.
obrigado, Rodolfo.
ResponderExcluirabraço.