domingo, 9 de maio de 2010

curitiba 12 horas

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Sergio Dias, Os Mutantes - por Gianna Roland
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......Foi ducaralho o evento Curitina 12 horas, que aconteceu no Parque dos Peladeiros (Cajuru) e no Parque do Semeador (Bairro Novo). A banda Eles Mesmos, com Fernandinho nos vocais, com uma pegada pesadona. Relespública melhor do que nunca, com Fábio Elias mostrando como é que se faz o mel do rock´n roll. Blindagem tocando o barco com alegria, com força renovada, do jeito que o rei Ivo queria que fosse, agora com Rodrigo Vivazs uivando como um príncipe cantor que tem o domínio total do palco. E depois Os Mutantes, puta que pariu, como eles tavam inspirados, acho que presenciei um dos melhores shows da minha vida. Sérgio Dias fez um solo em Balada do Louco que penetrou a platéia pelos poros. O grau de sensibilidade desse cara dialoga na moral com divindades, não tenho dúvida. Mais ou menos como disse o Giovanni (da banda Giovanni Caruso e o Escambau, que infelizmente não consegui assistir): "parece que os caras nos carregaram pra dentro de uma nave, ainda não tô entendo bem o que aconteceu, só sei que foi uma experiência maravilhosa." Em meio a todos esses artistas sensacionais, foi precioso pra mim participar desse projeto Curitiba 12 horas, falando meus poemas ao lado dos mestres Ivan Justen (que fez as platéias gritarem com vontade os nomes de nossa cidade e estado), Edson de Vulcanis (o cara que encontra poesia da melhor qualidade em TUDO, um filósofo ímpar) e Jorge Barbosa (que falou uma séria de pérolas, mas em especial uma reza às avessas, que já nasceu clássica). Chegamos no Parque do Semeador quando a apresentação do Batista de Pilar estava acabando, mas ainda deu pra ouvir as pessoas ovacionando o poeta, isso é raro e transformador. Por essas e outras, registro meu agradecimento ao Ferreira e ao Rodrigão (da Homem de Ferro Produções Artísticas), e a todos os demais envolvidos que trataram a todos com atenção e respeito exemplares. Quero ainda dizer que não houve nenhuma briga, nenhum tumulto, nada, só alegria. O rock´n roll, a poesia, a dança e a cidade de Curitiba tiveram um inesquecível dia de GRAÇA.
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O Ivan Justen já escreveu a
respeito em seu blog também.

5 comentários:

  1. É isso aí, Lepre -- vou te mandar mais umas fotos pra você repercutir aqui --

    e saca só esse link:
    http://www.youtube.com/watch?v=GJJ6LNb6yDE

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  2. Mande email para ivanjusten@gmail.com

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  3. Oi Luiz,

    A repercussão me fez ler o seu texto com mais vagar. A maioria de nós não conhece a periferia e isso não é um mal. Nos anos em que trabalhei em escola pública, tive oportunidade de conviver no CIC, no Caiuá, na Fazendinha e no meu amado Sítio Cercado. Meus últimos anos em sala de aula foram lá, quando dava aulas à tarde e à noite ali pertinho do Parque do Semeador. No noturno eram aulas de Biologia, Arte e Sociologia – isso mesmo, as três disciplinas. O que curti naqueles dois anos levo para a vida.
    No início havia um estranhamento, afinal aqueles meninos e meninas, entre 18 e 25 anos nunca tinham visto nada daquilo. Vários nem o centro da cidade conheciam. Afinal, que louca era aquela que passava Tempos Modernos para explicar a divisão do trabalho? O tal do Bolero de Ravel para treinar os ouvidos e conhecer os instrumentos? Contava histórias de Monet e Van Gogh? Tinha um “kit pequeno cientista” num carrinho de feira para os experimentos de ciências? Eles amavam, Luiz, e queriam mais.
    Saía da escola às 22h com as janelas abertas do carro, sentindo-me protegida pelos mano da vila, meus alunos. Era chegando em casa, ali perto da rua 24h, quase Batel, que sentia medo e fechava os vidros. Uma vez quebraram o vidro para roubar o rádio. Descobriram que era mais um dos alunos que tínhamos perdido para o crack. Queriam pegar o piá, dar uma surra... “onde cê viu roubar a profe?”. Claro que os dissuadi e ficou tudo bem.
    Por tudo isso que o seu relato me comove. Por ter levado a sua arte para lá e visto que eles curtem. Sim, eles curtem, mas não têm acesso. A arte não chega na periferia, não chega na escola, não chega.
    O povão gosta de Beethoven, de Luis Buñuel, de Pixinguinha, de Leprevost, de Ivan Justen, de Mutantes! Arrependi de não ter ido. Quem sabe teria encontrado meus meninos lá. Que bom que vocês oportunizaram isso.
    Beijo grande,
    Gi.

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  4. Totalmente emocionante o depoimento da Giselle: valeu novamente a alegria que senti no domingo passado, e me reenergiza pra lutar sempre pelo acesso de todos à cultura: Curitiba também tem que dar este exemplo --

    E parabéns, Giselle! Esse trabalho que você descreveu aqui é indispensável!

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