quarta-feira, 30 de junho de 2010

conto de fabiano vianna

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Por Brenda Biondo
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.....Playground
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.....Quando eu era menor costumava viajar para a chácara do meu primo Leonardo. Era bem legal lá. Tinham vacas e gansos de verdade. Um dia, enquanto explorávamos lugares inéditos atrás das colinas, avistamos um playground. Tinha carrossel, escorregador, trepa-trepa... Mesmo de longe aonde estávamos, dava para perceber que os brinquedos estavam bem abandonados. Não fazíamos idéia quem poderia ter construído aquilo. Não parecia arte do tio Nilo, nem do Neto. E o Léo também nunca tinha ouvido falar de um playground na região. Eu falei para o Leonardo “Vamos até lá!”, e ele respondeu “Com certeza, o churrasco ainda vai demorar a ficar pronto.” E fomos. Mas ao chegar, percebemos que não era um playground comum. Os brinquedos eram bem maiores que o normal. Praticamente tínhamos que escalar os degraus para chegar até o escorregador, por exemplo. Uma loucura! E o curioso é que lá de cima da colina não era possível perceber isso. Meu pai me ensinou que isso se chama perspectiva. É como avião. Parece pequeno de longe. Bem, brincamos assim mesmo. Enquanto eu subia no carrossel, o Léo empurrava de baixo. Na balança eu tinha que me segurar bem às ripas para não cair pela fresta que se transformou num buraco imenso. Nos divertíamos bastante. Até que ouvimos algo assustador se aproximando. Eram passos de gigantes. Eu falei para o Léo “Vamos sair daqui. Estou com má impressão.” Mas era tarde. Crianças gigantes apareceram rapidamente de trás das colinas. Eram três ou quatro. Tentamos correr, mas elas nos alcançaram fácil. Viramos brinquedos em suas mãos grandes e gordas. Jogavam-nos no escorredor feito insetos. Punham para equilibrar nas barras grossas do trepa-trepa. Arremessavam-nos no ar. Só não morremos porque, num momento, elas resolveram ir embora. Eu e Léo fomos jogados dentro do bolso de uma bermuda, em meio a balas e chicletes enormes. Então eu ouvi um dos gigantes gritar “Olhem, têm um playground lá longe, depois daquela colina!” E pelo movimento, deduzi que corriam. Me senti dentro de uma máquina de secar roupa. Alguns segundos depois o movimento cessou e pude ouvir um deles falando “Não é um playground comum. Os brinquedos são muito maiores que o normal."
Fabiano Vianna

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