quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

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perco o mundo, estou sem chão. vou à praia, recolho detritos. não suporto não delirar. e meu olhar é tarde. dos pensamentos da história humana, mais um que assumi: falo porque tenho esperança. pois não, incluo-me na tua gargalhada. sou um monoglota balbuciante. lanço minhas garatéias de sonrisal, e chove. minha mão, a que escreve, é selvagem, aí vem já a artrite reumatóide a dizer devagar com a louça. quero tanto o teatro, mas o teatro me deforma. a atriz leu minha orelha, mas o "eu mesmo" está no estômago. a pergunta da menina ignorante da plateia é que foi meu mestre: onde você sentiu tantas palavras para chegar no teu livro? o que responder? de impossibilidade em impossibilidade, fazemos caras de leve, mas a bolsa carregada de certezas teimosas pesa e a alça está a nos lanhar os ombros. vou sem mundo nem chão, meu amor está desidratado. não espere de mim a metáfora do deserto. antes o mar. ah o mar. tive uma bóia salva-vida, meus dedos são canivetes.

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