sábado, 28 de janeiro de 2012

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como direi? apenas que não estou pronto. tudo é uma questão de retórica, diz um inteligente. mas como posso querer estudar se à mesa dos amigos no bar a filosofia passa de boca em boca feito um copo de cachaça barata? e os amigos talvez um dia sobre mim: morreu naquela espécie de verão. veja, por isso não estou pronto. tudo o que aprendi veio das aulas de inutilidades que tive. fumo meu charuto, baforo passarinhos de fumaça e a biblioteca tosse seus clássicos universais, a agônica papelada herdada de meu avô. e só penso em você. e não estou pronto, amor, para sob a chuva adentrar o bosque verde musgo. e vou. sou apenas um jardineiro de livros. mas vou. vou até a cozinha. as frutas ali estão amadurecendo. hoje não me apetecem. tuas mensagens chegam pelo celular: facadas de afagos. vou. atente para o rastro do homem-gosma e saberá até onde consegui ir. gostava de ser tuas coxas para fazer inveja às outras moças. penso nas frutas, se soubessem que apodrecerão, bem antes nos implorariam socorro: come-me, por favor. não estou pronto. a cinza chuva me venera. e a neblina cria esconderijos no ar.

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