segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012


a mão sua. lambo a palma salgada. olho para ela. as marcas. as linhas da vida, as que espantaram a cigana em frente ao Dentadas Pub. tenho uma machadinha comigo. lambo a lâmina, texto o corte de seu fio com a língua. suave. passo os dedos, as pontas se mancham de vermelho. a mão chora: não faça isso comigo. cale a boca. não, eu imploro. escândalos são cuspidos, ferroadas de luz, choques fedorentos. pobre mão. aplico a anestesia, ela corre o lado direito do meu corpo. com a esquerda, a morta canhota que nunca falou, a canhota inábil, seguro firme a machadinha. respiro fundo. minha testa pinga. a camisa está molhada. a canhota é a única que não titubeia. é agora! NÃO, grita a mão selvagem, apavorada. o golpe é certeiro. o barulho de veias, ossos e cartilagens, plástico que se partisse. o sangue, terracota, ensopa a página amarela do caderno aberto.

Um comentário: