domingo, 17 de junho de 2012


Caçar

Fila enorme. De horas. Chega sua vez. A cadeira. O leão senta nela. A cadeira deita. A mão direita põe a luva na esquerda. A esquerda na direita. O avental borrado com a cor rubra. Luz forte vem de um braço alto da cadeira. Abra, diz o do avental. Aguinha gelada da mangueirinha direto na boca. Cuspa, diz o do avental vestindo a máscara. Vai doer? Faça ah. AAAHHHH, algodões na boca dele. Espelhinho de mão. Agulha. Expressão de desespero. Não se preocupe. Mão com luva de borracha. Agulha da anestesia na gengiva. Espelhinho de mão. E broca. E alicate. Alicate medieval com designer além de moderno. Sangue. Broca. Sangue. Broca. Alicate. Sangue sangue sangue. Fim da ação. O encosto automático da cadeira levanta. A mão direita tira a luva da esquerda. A esquerda da direita. Vai querer levar o dente de lembrança? Faz que não com a cabeça. Que bom, mais um pros meus colares.

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