domingo, 8 de novembro de 2009

se te conto uma mentira

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o silêncio são horrores de palavras

melhor fechar as persianas, me transformei em alguém que os vizinhos não poderão suportar

o velho hipocondríaco não aguentava mais esperar, já era mais do que chegada a sua hora

a treva e o amanhecer são um pacto de há séculos

a bruma é uma coisa que cria esconderijos no ar

em nosso país muita gente foi analfabetiza

os primeiros livros que ele leu foram encartes de cd

uma mãe: se não calar a boca e parar de incomodar tua irmã, te largo na rua e você vira mendigo, quer ver? ein? então fica quieto, piá chato

na cozinha, abriu a geladeira, pegou o iogurte, fechou a geladeira, rasgou o lacre do iogurte, voltou pra sala, o bigode lambuzado

e então criei uma marca de roupa chamada despe-te

você piscou e eu desapareci. meu deus, pra onde ele foi? fui pra dentro da sua cabeça

o instinto não é uma casa, é uma selva

meu pau não é dos maiores, mas sei usar bem

meu fraco são as axilas

e a nuca... a nuca também

o carro é para o posto, o cavalo para o pasto... para nossos dias, bicicleta... ou vai de pedestre

vagalumes são a bússola da noite que navega até aportar na manhã, que, por sua vez, é a união de trilhões de vagalumes — daí sua claridade

a solidão é boa conselheira, mas se a ouvirmos por longos períodos, ela passa a exercer uma péssima influência

nunca sofri influências de grandes artistas, gozei essas influências

naquela noite, encharcado de rum, ele era uma espécie de rimbaud ribombando uma rumba bem ruim

se a ciência um dia conseguir uma geração inteira de humanos não perecíveis, o que será da humanidade?

esses troços, os paradoxos

primeira aula do curso de masoquismo: disfarce-se de lombada e deite numa estrada

o que mais vendia naquela esquisita sorveteria era o sorvete de rabanete

não me impressiona muito mais haver por aí essas mulheres que botam o pau na mesa

a solidão é boa conselheira, mas se a ouvirmos por longos períodos, ela passa a exercer uma péssima influência

curioso, deveras curioso, sinal dos tempos, aquela era uma tartaruga com muita pressa

foi assim, quando deu por si, estava lá, andando nos andaimes do abandono

amor, felicidade, sentimento de vingança e tudo o mais, apenas vagas vagas vagas idéias se desmanchando na memória da velha

tá certo, num país como esse a gente é alcoólatra ou evangélico

síndrome de lagartixa: a pessoa dá, dá, dá, mas finge que o rabo está inteiro

tudo o que trazia era um motel mental sob o cabelo sujo naquele cérebro de minhoca, por tal motivo, pensava mais com a cabeça de baixo

o anel não tira nunca, nem para dormir. só tira o anel para cagar. o relógio não tira para cagar, mas tira para dormir

não é meu caso, já que não uso anel nem relógio

lê feito quem come, natural que escreva feito quem vomita

sou um maldito cão que não respeita o dono... e olha que eu mesmo sou o dono

era um homem todo errado... que fazia um baita esforço para se manter assim

a taça de vinho é um sol negro sobre a mesa

a felicidade é a única máscara que não mascara

ternura, ternura mesmo, é chorar lendo um poema do vinicius de moraes

não conseguia dançar música que não entendesse a letra, é que na verdade não dançava a música, dançava a letra

se te conto uma mentira, ela aconteceu

eis que presencio pombas raivosas atacarem um pipoqueiro

velho poeta debruçado sobre a escrivaninha... autor premiado, para quem cada página preenchida é motivo de comemoração e intervalo para o café

a busca exagerada pela simplicidade também é uma espécie de megalomania

não sei até quando vou aguentar, infelizmente algumas pessoas nunca acabam de me destruir

se fosse escrever o diário da minha vida, escreveria apenas sobre as coisas das quais não me lembro

dalton trevisan é o inventor do twitter
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