segunda-feira, 30 de novembro de 2009

uma epígrafe

Pier Paolo Pasoline está morto. / A farsa, a nojenta farsa, essa continua. Eugénio de Andrade.
. .
*dedico essa postagem a
atriz Claudete Pereira Jorge,
que comeu um cigarro em cena
como protesto à proibição de fumá-lo.

5 comentários:

  1. Essa comparação é absurda e tira a força de conceitos como censura, ditadura e fascismo.
    Beijo.

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  2. Sabrina, não pretendia fazer uma comparação. Foi apenas algo com o qual, como leitor, me identifiquei, pelo fato de estar conhecendo, aos poucos e recentemente, a OBRA de Pasolini. Mas não foi uma comparação. No máximo, uma aproximação. O motivo de minha homenagem a Claudete Pereira Jorge (ATRIZ) é, antes de mais nada, POÉTICA. Levando em conta que são VERSOS retirados de um POEMA de Eugénio de Andrade (POETA português), por sua vez, dedicados ao CINEASTA Pier Paolo Pasolini, que por meio da ARTE tomava posturas críticas e combativas diante de um mundo de opressão. Claro que não vivemos um regime declaradamente fascista ou ditatorial. Mas há aproximações plausíveis de serem feitas, ao menos no que há de falhas CONCEITUAIS e também na PRÁTICA de nossa democracia. Há sim alguma carga política nisso tudo que publiquei, mas de maneira nenhuma militância, ainda não. Você sabe que respeito muito suas opiniões, e sei das suas lutas igualmente admiráveis. Mas aqui você fala em CONCEITOS enquanto que Claudete, no seu direito de CIDADÃ e ARTISTA, executou uma AÇÃO, que foi a de se manifestar, não só em palavras, publicamente, diante de uma platéia, chegando a mastigar e engolir um cigarro. Isso me pareceu simbólico o suficiente para que, como alguém que ama o TEATRO e também a Claudete, não me emocionasse. Você há de concordar que AÇÕES são maiores que CONCEITOS. Foi por isso que me comovi com o ATO da ATRIZ Claudete Pereira Jorge. E foi por isso que julguei oportuno reproduzir nota da Gazeta do Povo nesse blog e, depois, publicar essa bela dedicação feita por Eugénio de Andrade ao Pasolini (o poema se chama Requiem para Pier Paolo Pasolini), em seu livro Homenagens e outros epitáfios. Quero ainda deixar claro que não me justificaria em outras circunstâncias, se o faço agora, é porque a tenho em alta conta, minha amiga. Mesmo assim, sinceramente espero que esse blog não atraia para si a vulgaridade de uma tribuna dessas que tanto vemos espalhadas pelo Brasil contemporâneo. Receba o beijo do sempre seu, LF Leprevost. Ps. Aproveito a deixa para publicar numa nova postagem o poema do mestre Eugénio de Andrade.

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  3. sim, é assustador que a burocracia imponha a regra pela regra e que isso interfira na linguagem de um grupo - como a sbat também faz burramente, quando os grupos assumem que usaram excertos de textos literários (e por isso os releases acabam escondendo as fontes das peças). o teatro é o espaço onde deve ser permitido fazer citações, acender cigarros, tirar a roupa, e se isso hoje acontece é porque houve muita luta das pessoas da geração da claudete.
    então não quis usar linguagem de tribuna, desculpe se eu peguei pesado. isso de botar o pasolini no meio, a ditadura, quando ele foi morto e a gente conhece pessoas que estão sequeladas pra sempre, acho que desperta meu lado "não põe minha mãe no meio", pois.
    beijo.

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  4. tá certo, sabrina. entendo, mãe é coisa sagrada (risos). mas não se preocupa, você não usou linguagem de tribuna. apenas fiquei um pouco com medo de um futuro ruidoso, com uma comunicação cujo foco (no caso desse blog, literatura e amizade) se perdesse. é verdade que acabei também sendo prolixo e até pentelho no meu comentário. mas tá tudo ok. fica bem. e até sábado. beijo. lufe.

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