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há muitas maneiras de se referir a um amigo alcoolizado... uma delas: estava podre de bêbado. e outra: saiu daqui miando
ele: tô caminhando todo dia. ela: no Parque Barigüi? ele: não, na esteira. ela: í, é o pior. ele: por quê? ela: não leva a lugar nenhum
um farmacêutico genérico: alô, opa, e aí dona, o que vai hoje?, sei, pó, uns ansiolíticos, pó, uns psicotrópicos, pó, sei, pó e uísque
a barba, daí o banho, perfume, roupa nova, prepara-se com esmero para o encontro que, por alguma razão alheia a sua vontade, não acontecerá
um morto iludido: eu nunca devia ter aceitado vir parar no fundo da terra... esse não é um bom lugar para os vivos
a gente nunca volta, a gente só vai, mesmo voltando a gente nunca volta, só vai, e é por isso que o metrô tem duas frentes
é o que sempre digo para atores e escritores muito jovens: uma só palavra e será salvo de viver o real
não perca tempo nem energia, não escoiceie se você não é burro, jegue ou mula
ele lhe fala de vez em quando de modo grosseiro, e ela gosta... é que ele é uma mistura de canalha com poeta
porque não parava de olhar outras na festa e saiu com essa “meu bem, os olhos são solteiros, mas o coração não”, ela lhe bateu com a bolsa
há escuridões que mordem, há os bisturis da bruma... o medo é isso: não ser possível andar mais rápido do que as próprias pernas
os últimos níveis de lucidez também produzem delírios
dentro do frio faz frio
eis outro roteiro possível: o mesmo
não dava frutos, só frustros
ela pede abraços para o amante, carícias no clitóris, beijo na boca, mas ele só quer sexo anal, sexo anal, sexo anal
tudo é absurdo: o orvalho e a ferrugem, a sedução e o desprezo, as aves, os bichos do fundo do oceano, as ramagens, as bromélias, as janelas
tudo é impossível: a simetria, as dádivas, a esmeralda, as espumas, a neblina, os ossos, as catedrais, as janelas
fim de tarde, ao baixar me faz apaziguado o sereno... Santa Felicidade... ah Santa Felicidade
é óbvio que você conhece a fama das belas praias da cidade de Curitiba
Seu Jarbas... todo dia cachacinha ali no Bar Stuart depois do expediente na imobiliária
você é uma mulher feliz?, lhe perguntaram. claro que não, ela disse, imagina uma mulher feliz, que coisa mais fora de moda
um lutador: passei a guarda, mata-leão, a melhor chave de perna, soco no nariz, fiz cuspir o protetor, pedir água, aí ele me beijou, na boca
uma avó: a tv é minha caixinha de primeiro socorros, quase que não enxergo, mas se o volume estiver no máximo, aí dá para ver alguns vultos
posso dar carona. posso dar carinho. também posso dar carona e carinho
ele: detesto tua poesia, deveriam decepar tua mão. eu: odeia tanto assim? ele: falta depuração. e eu: falta depuração mas tem perturbação
um dia eu entendi, aquilo era o butô do mick jagger
sabe, houve uma época em que tive miragens nos olhos em vez de pupilas e retinas
sempre achei que a gente devia vir como que com aquelas barras antipânico dentro da gente
um carinha: ê, olha aí o boy querendo tirar onda de bandido
não notaram ainda que sou um exagerado mínimo
não notaram ainda que sou um minimalista do exagero
imagine um gato num dia de muito calor, ele acabou de cair do 13º andar, suas vísceras vão explodir em instantes
ele: porra, quase soquei a velha, só não fui pra cima porque é mulher, senão, vai se fudê, me chamar de drogado na frente de todo mundo
os infectologistas deveriam conhecê-lo, ele é sujo, fétido, doentio
PÉM PÉM PÉM PÉM PÉM (isso é a incontrolável, e em caixa alta, onomatopéia de um alarme)
ANHE, ANHE, ANHE, AIEEE (isso também é a incontrolável, e em caixa alta, onomatopéia de um alarme)
solidão, velha morada, como vai você?
a solidão não é um dos melhores lugares para se estar
se bem que a solidão pode ser últil, todavia
digo, para aquele que é fútil a solidão pode ser útil (auto-conhecimento, aquela coisa toda)
é sério, acabei de ver um elefante dentro de uma caixa de fósforos em chamas
uma mãe: olha, filhinha, se alguém quiser pegar no seu bumbum ou na pererequinha, você não deixa, e vem correndo contar pra mim, viu
há anos ele vem se guiando pela bússola da contramão
o verdadeiro exterminador do futuro é o presente
escrever, escrever, escrever para alimentar esse cãozinho interior chamado alterego
acabou de se despedir com beijos, que julgaria suaves, não fosse isso de estar me sentindo um peixinho preso ao anzol por um fiapo de lábios
o mormaço se espreguiça no terraço, aí o gatinho chega e recebe seu abraço
enquanto se vai perdendo os dentes, vai-se perdendo a memória, pois não
arriscar tudo como pisasse em gelo fino sobre o lago frio
ela: tô muio doente. ele: todos estamos, mas posso fazer algo por você, além de desejar melhoras? ela: pode sim, para de me envenenar
excesso de realismo ainda é realismo?
ele: tô caminhando todo dia. ela: no Parque Barigüi? ele: não, na esteira. ela: í, é o pior. ele: por quê? ela: não leva a lugar nenhum
um farmacêutico genérico: alô, opa, e aí dona, o que vai hoje?, sei, pó, uns ansiolíticos, pó, uns psicotrópicos, pó, sei, pó e uísque
a barba, daí o banho, perfume, roupa nova, prepara-se com esmero para o encontro que, por alguma razão alheia a sua vontade, não acontecerá
um morto iludido: eu nunca devia ter aceitado vir parar no fundo da terra... esse não é um bom lugar para os vivos
a gente nunca volta, a gente só vai, mesmo voltando a gente nunca volta, só vai, e é por isso que o metrô tem duas frentes
é o que sempre digo para atores e escritores muito jovens: uma só palavra e será salvo de viver o real
não perca tempo nem energia, não escoiceie se você não é burro, jegue ou mula
ele lhe fala de vez em quando de modo grosseiro, e ela gosta... é que ele é uma mistura de canalha com poeta
porque não parava de olhar outras na festa e saiu com essa “meu bem, os olhos são solteiros, mas o coração não”, ela lhe bateu com a bolsa
há escuridões que mordem, há os bisturis da bruma... o medo é isso: não ser possível andar mais rápido do que as próprias pernas
os últimos níveis de lucidez também produzem delírios
dentro do frio faz frio
eis outro roteiro possível: o mesmo
não dava frutos, só frustros
ela pede abraços para o amante, carícias no clitóris, beijo na boca, mas ele só quer sexo anal, sexo anal, sexo anal
tudo é absurdo: o orvalho e a ferrugem, a sedução e o desprezo, as aves, os bichos do fundo do oceano, as ramagens, as bromélias, as janelas
tudo é impossível: a simetria, as dádivas, a esmeralda, as espumas, a neblina, os ossos, as catedrais, as janelas
fim de tarde, ao baixar me faz apaziguado o sereno... Santa Felicidade... ah Santa Felicidade
é óbvio que você conhece a fama das belas praias da cidade de Curitiba
Seu Jarbas... todo dia cachacinha ali no Bar Stuart depois do expediente na imobiliária
você é uma mulher feliz?, lhe perguntaram. claro que não, ela disse, imagina uma mulher feliz, que coisa mais fora de moda
um lutador: passei a guarda, mata-leão, a melhor chave de perna, soco no nariz, fiz cuspir o protetor, pedir água, aí ele me beijou, na boca
uma avó: a tv é minha caixinha de primeiro socorros, quase que não enxergo, mas se o volume estiver no máximo, aí dá para ver alguns vultos
posso dar carona. posso dar carinho. também posso dar carona e carinho
ele: detesto tua poesia, deveriam decepar tua mão. eu: odeia tanto assim? ele: falta depuração. e eu: falta depuração mas tem perturbação
um dia eu entendi, aquilo era o butô do mick jagger
sabe, houve uma época em que tive miragens nos olhos em vez de pupilas e retinas
sempre achei que a gente devia vir como que com aquelas barras antipânico dentro da gente
um carinha: ê, olha aí o boy querendo tirar onda de bandido
não notaram ainda que sou um exagerado mínimo
não notaram ainda que sou um minimalista do exagero
imagine um gato num dia de muito calor, ele acabou de cair do 13º andar, suas vísceras vão explodir em instantes
ele: porra, quase soquei a velha, só não fui pra cima porque é mulher, senão, vai se fudê, me chamar de drogado na frente de todo mundo
os infectologistas deveriam conhecê-lo, ele é sujo, fétido, doentio
PÉM PÉM PÉM PÉM PÉM (isso é a incontrolável, e em caixa alta, onomatopéia de um alarme)
ANHE, ANHE, ANHE, AIEEE (isso também é a incontrolável, e em caixa alta, onomatopéia de um alarme)
solidão, velha morada, como vai você?
a solidão não é um dos melhores lugares para se estar
se bem que a solidão pode ser últil, todavia
digo, para aquele que é fútil a solidão pode ser útil (auto-conhecimento, aquela coisa toda)
é sério, acabei de ver um elefante dentro de uma caixa de fósforos em chamas
uma mãe: olha, filhinha, se alguém quiser pegar no seu bumbum ou na pererequinha, você não deixa, e vem correndo contar pra mim, viu
há anos ele vem se guiando pela bússola da contramão
o verdadeiro exterminador do futuro é o presente
escrever, escrever, escrever para alimentar esse cãozinho interior chamado alterego
acabou de se despedir com beijos, que julgaria suaves, não fosse isso de estar me sentindo um peixinho preso ao anzol por um fiapo de lábios
o mormaço se espreguiça no terraço, aí o gatinho chega e recebe seu abraço
enquanto se vai perdendo os dentes, vai-se perdendo a memória, pois não
arriscar tudo como pisasse em gelo fino sobre o lago frio
ela: tô muio doente. ele: todos estamos, mas posso fazer algo por você, além de desejar melhoras? ela: pode sim, para de me envenenar
excesso de realismo ainda é realismo?
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sempre o bloquinho. =)
ResponderExcluirponha as outras curtinhas aqui, não quero incluir o twitter na minha vida.
Muito bom os "aforismos". Sempre passo por aqui pra ler seus textos. Grande abraço.
ResponderExcluircerto sabri. vou colocar aqui sim, de pouquinho. cê faz bem de fugir do twitter, esse treco vicia. bjs.
ResponderExcluirlegal maikon... onde cê anda, cara? nunca mais topamos por aí. marcar qualquer coisa qualquer hora dessas? e obrigado pela vinda aqui. abraço.
lepre.