quarta-feira, 25 de novembro de 2009

se te conto uma mentira

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chove sem parar chove sem parar sem parar sem parar mesmo quando existem tantas outras palavras com as quais se pode dizer adeus

um guarda-chuva que fala: às vezes eu queria ser um bueiro pra engolir a chuva quando a chuva desaba

ao violão, amor, minhas mãos e o coração vibram, não as cordas e a madeira... é que os dedos se habituaram a acordes e arpejos no seu corpo

agora chega, vou desligar esse maldito computador e vou ver o sol lá no verde do quintal... bj a todos

conto de terror: o menino tinha demasiado as cores cinza, o sangue, lesma, lama, musgo, enclausurados nos olhos, de modo que os vazou

conto de terror: ri, algo se debate entre os dentes, língua profanada, me aproximo e sou atacado por morcegos com remela cuspidos dos olhos

uma, digamos, celebridade: o que foi mesmo que ele falou, que celebridades com silicone não podem dormir de bruços?

um tiozinho tocador de viola, cantando assim: meu coração é um punhado de uva passa / que ela pôs na boca e mastigou

ai, que somos dois louquinhos que nem nunca se encontraram pessoalmente mas sentem saudade um do outro

se não me engano, foi Marty Mcfly quem disse uma das mais importantes frases do cinema mundial: ninguém me chama de franguinho
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1: mudança assim na vida, é absurdo não ter champanhe pra comemorar. 2: mas comemorar o quê, idiota, se ela tá indo embora. 1: pois é
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aquela guria é assim: seio bom, seio mau... fazer o quê?

que cachorro bonito, ele morde?, pergunta a moça. não, ele fede, responde a velha

e adoro os efeitos sonoros de quando você sussurra absurdos no ouvido do meu coração

e então os carros assustados feito cardumes abriram espaço

estranho como as coisas são, o resgate nunca consegue acompanhar a velocidade do desespero

de repente, apertou os olhos, contraiu o rosto pra conter, sei lá, uma torrente de choro que ia afogar nós dois, a casa, talvez até o bairro

eu choro dando risada... sabe quando você tá chorando e quem ouve não identifica se é riso ou pranto? eu choro assim

o velho comedor (fazendo um mea culpa): ao longo da vida não fui conquistando e acumulando mulheres, mas as perdendo uma a uma, todas elas

não diga que ele não é um músico, quando tem horas, anos que ele está aqui escutando, o mais que pode, o arrulho dos pedregulhos

não diga que ele não é um poeta, quando tem horas, anos que ele está olhando o mundo, o mais que consegue, aqui do mirante das miragens

um amigo sobre a namorada do outro: ela não é bonita, né, mas é tão inteligente que chega a ficar sexy já nos primeiros minutos de conversa

tô em casa, observando a natureza... sei, não vou resistir muito, logo, por volta de 16:30, um shopping center deverá bocejar, me engolindo

logo mais um shopping center bocejará e me engolirá assim como acabo de fazer com esse mosquito, agora um nada em meu estômago

primavera... abundância de luz, cores, canções sertanejas e latidos vizinhos, (paz?) passarinhos, tintas e sotaques da paisagem curitibana

garoa na primavera de Curitiba... um começo da ausência das tintas na paisagem cinzentinhazulada... ó tarde inconstante

chove agora um pouco no bairro de Santa Felicidade... admito, gosto de Curitiba com chuva... queridas minhas, odeiem-me por isso

admito (outra vez), saudade do inverno, quando a neblina vem se aninhar em nossos pés em busca de edredom e cobertor

na primavera curitibana, edredons e cobertores são ursos esquecidos hibernando em armários cavernosos

assim: cê vai ali no Dentadas Pub ouvir aquelas velhas canções, e elas são diuréticas... sério, quem as ouve tem logo que correr se aliviar

bem, no banheiro do Dentadas Pub, o cheiro de limão no gelo se mistura às canções mijadas, entrando no teu nariz empapuçado de versos tristes

a morte não tem face, mas tem disfarces... a foice é só um dos disfarces da morte sem face

um vereador aos jornais: tenho preocupações sociais, claro, não sou nenhum alienado, pensa bem, de certo modo, o que é roubado é divido

um ladrãozinho que lê jornais: pô, chefe, não sou nenhum alienado, tá pensando o quê, de certo modo, o que é roubado é divido

até é comum toparmos com tantos talentos deslumbrantes, mas (que remédio?) quantos acabam deslumbrados

um fã, digamos (e bêbado): gosto mesmo mesmo quando a banda para e a cantora sangra sangra o seu solo de boca

ele: tá quieta. ela: tô comigo mesma, pensando, bem lá no fundo, sabe. ele: posso entrar em você?, é que não quero ficar sozinho aqui fora

ele: não faço mais aquelas coisas, fazia no tempo que eu babava. ela: e agora? ele: agora?, é o que tô dizendo, agora eu não babo mais, ué

ela: ein, chuchu, fui doce, não fui? eu: foi, mas mesmo assim tomo cuidado, é que açúcar demais também pode matar

olha, é todo ele uma complicação de elásticos o instrutor de yôga

beibe, se eu tivesse olhos na nuca não te virava as costas nunca... é que não consigo parar de olhar

objetos tantofaz: paninho lustra-olho, cardápio de cardápios, tatuagem-sabonete

é necessário sacudir a barriga pra dar risada

imagens de múltipla aplicação para se escolher à gosto: rastros do homem gosma, overdoses de preguiça, terremotos de febre

imagens de múltipla aplicação para se escolher à gosto: colibris de fundo de garrafa, congestionamento de bexigas, passarinhos de fumaça

imagens de múltipla aplicação para se escolher à gosto: cavalos com cascos de geléia, a caveira de uma lesma, jardineiro de livros

imagens de múltipla aplicação para se escolher à gosto: postos de adrenalina, luzes de cimento, dunas de escadas, farmácia de brinquedos

leva nove meses pra alguém ficar grávida

xô óvni / choveu / teu véu de luz / e eu vi

dia desses o cara que criou a estética do breganejo experimental me disse: eu sou uma dupla sertaneja... hum, só então entendi tal vanguarda

manifesto: o direito de se reconstruir... se você vem, corpo fechado de pêlos, fazendo úúúú,
sinceramente, vou trata-lo como a um gorila
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4 comentários:

  1. Cara, adoro estes mini contos de twitter. Gostei principalmente da velha e o cachorro que fede. Haha Genial!

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  2. fabz... tô pegando essa síntese com você. obrigadão, man. forte abraço. lepre.

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  3. sem palavras, leprevost.
    isso aí ta mt bom.

    r.m.

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  4. valeu madeira. pô, vi que o pássaro saiu. te liguei ontem em casa, mas ouvi "esse número não existe." cê mudou? ou meu celular que tá louco? cara, quero muito uma ave ruim das tuas. parabéns pelo lvro, ficou bem bonito. valeu a espera. e outra vez, obrigado pelas vindas aqui no blog. lepre.

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