quarta-feira, 25 de novembro de 2009

notas para um livro bonito

Perguntas que me sobem à pele: Quais ações fizeram com que cada ser vivo que por mim tenha passado durante esses anos imediatamente lançasse olhares de admiração ou reprovação? Sou, fui um cara do bem? Não? Um tolo, quem sabe? Não tenho sido extremamente gentil na maior parte de meus atos? Não, claro que não. Mas e se... olhando por esse ou esse aspecto... E meus arranjos de carinho, em quem fizeram efeito? Mas e se não busquei efeito algum? E se fui arrebatado como na última sexta-feira ao ver uma atriz jovem em cena despencando todas as vezes em que ouvia alguém dizer que a amava? Isso não foi o que de mais importante me aconteceu nesse ano? Não tenho como avaliar. Acordar no dia seguinte já é uma quantidade de milagre significativa, mas não suficiente, não mesmo. E meus arrojos sexuais, não serão também verdadeiros milagres? E por que com essa ou aquela mulher? Por que mesmo com as quais eu preferia morte, distância, até nunca mais? Mesmo com elas posso considerar o milagre? Qual delas me ajudou a esquecer? Qual a querer mais? Qual me revelou novamente a vida a vida a vida a vida? Em qual me curei ou adoeci? Qual delas hoje sou eu? Será que tive mesmo aquelas em quem penetrei? Será que fui daquelas a quem disse querer passar o resto da minha vida ao lado? Mas então por que não estou ao lado dela nesse momento? Terá acabado minha vida? Será que sempre vou querer lembrar de nossos pios e arrepios, das corredeiras de suor, da lama transparente do choro? E mesmo se eu quiser lembrar, será que vou conseguir? Será que posso afirmar não ter sido amado por aquelas com as quais tomei um café ou um sorvete no fim de tarde e isso foi tudo? E isso foi mesmo tudo? Olha, parece que tenho motivos de sobra para ser feliz e infeliz e feliz e infeliz. Mas será que tenho motivos de sobra para ser feliz? E infeliz? Se sim, deverei a quem, digo, a felicidade? Ou a infelicidade? Aos amigos? A minha pequena biblioteca? Ou foi que os amigos me condenaram aos livros quando eu já não suportei mais ter amigos? E por que não suportei? Por que de fato não suportei ou por que me tornei incompetente para fazer novas amizades? Mas, oras bolas, não é que amizades verdadeiras toleram a incompetência? E os livros verdadeiros, eles toleram leitores incompetentes? Mas os livros são verdadeiros? Se não, poderei eu dizer que alguns livros são meus bons amigos? Mas eles, os livros, por acaso não me condenaram ao me transformarem num obsessivo por literatura? Amigos fazem isso? E se sou mesmo (sou?) um obsessivo por literatura, por que ainda não li uma linha sequer do “em busca do tempo perdido”? E o tempo, digo, o tempo que passei não lendo o “em busca do tempo perdido?”, mas fazendo outras coisas, ou mesmo não fazendo nada, esse tempo foi mesmo perdido? Mas é possível que não estejamos fazendo nada se ainda estamos vivos? Ou não fazer nada é só uma maneira de dizer? E para que dizer? Você acha que alguém te escuta só porque possui duas orelhas? Ou... E, afinal, o que isso importa, não é mesmo, não é mesmo, não é mesmo?

5 comentários:

  1. O escritor ouve melhor do que um cachorro. Perambulando por cafés obscuros, copiando frases, anotando coisas. Atento ao que dizem na mesa ao lado.

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  2. olha... vc foi tudo, pelo menos enquanto escreveu... esse é o grande barato da arte, ser o que vc quer, mas o que é permitido é cobrado!!! rs...
    gosta da incompatibiçidade das coisas me da gana!

    um beijo

    patricia cipriano

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  3. olha... vc foi tudo, pelo menos enquanto escreveu... esse é o grande barato da arte, ser o que vc quer, mas o que é permitido é cobrado!!! rs...
    gosta da incompatibiçidade das coisas me da gana!

    um beijo

    patriciacipriano

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  4. dae leprê? tudo em riba? quando aparece? dia 16/12 chego em ctba. vamo toma todas com o peru do natal. quem sabe a gente vá pro forno tb, os três abraçados. se cuida brother.

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  5. é isso aí, fabz. de cão só mesmo a cara e jeito de dar a pata. mas as orelhas estão pensando além. abração, maninho.

    o que é permitido é cobrado. isso é perfeito patricia. gana, aí está uma palavra que conheço bem. obrigado pela vinda aqui. e por ter me dado de presente (de certa maneira) esse poema. ps. só não lembrei ainda do tal gordinho daquela vez no lucca, rs. beijo.

    daê rubão? pô, minha ida a sampa não sei quando vai rolar. mas tô esperando você chegar aqui dia 16. vamos tomar umas com certeza e botar o papo em dia. cara, o calor tem sido tanto aqui em curitiba que acho que já tô no forno. forte abraço, bróder.

    lepre.

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