quinta-feira, 8 de abril de 2010

o último cigarro do maço antes de atravessar a rua dos pinguins tristonhos

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vivendo sem por quê

não sei o que me traz a essa cidade pequena
onde uma dona na janela censura o meu modo de fumar
as calçadas não compreendem meus passos lentos
e a garganta pede um trago pois precisa respirar
nas casas luzes se apagam
da praça o maloqueiro faz seu lar
a lua bate em minha nuca
a friagem rasga os meus lábios
mijo no esqueleto de uma árvore
e cuspo numa poça o chiclete sem açúcar
madrugada, e os porcos e galinhas vão vivendo sem por quê
morcegos se escondem no telhado das Igrejas
minhas dores latejam no latido dos cachorros
estou sem planos nem segredos
e até as meias feito um torniquete
pretendem meus tornozelos enforcar

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