sexta-feira, 16 de abril de 2010

o último cigarro do maço antes de atravessar a rua dos pinguins tristonhos

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Câmera e edição Guto Presidente
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Tristíssimo
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triste, tristíssimo
fudido e mal pago
deprimido, derrotado
sem perspectivas de futuro
feito um burro empacado
sobrevivendo da sopa rala do meu pranto
me escondendo nos antros
do centro da cidade
ninguém me ama
ninguém me quer
ninguém pra me pegar no pé
ninguém pra me encher o saco
ninguém pra eu fazer um pacto
ninguém pra dar escândalo na frente do meu prédio
ninguém pra me acusar de assédio
ninguém me ama
ninguém me quer
ninguém pra partir pra ignorância
ninguém pra me xingar de criança
ninguém pra me ninar
ninguém pra me internar
ninguém pra armar uma armadilha
ninguém pra discutir pensão na vara de família
só a minha sombra me seguindo
entre postes dormindo igual girafas
sob a luz branca da chuva de granizo
e o reflexo do teu rosto
nas poças em que piso

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