Ocaraqueteama
Vivo dizendo pra mim mesma: Cecília, ele é Ocaraqueteama. Ele se chama Ocaraqueteama. Ele mora na rua Ocaraqueteama. Ele recita versos que dizem exatamente isso: Ocaraqueteama. E ele tem muita saudade e não sabe quando um dia vem pra Curitiba novamente, pois o medo o paralisou. Ele tinha vontade de estar num lugar como aquele do filme Na natureza selvagem, mas até hoje ainda não compreendeu que a solidão é sua melhor amiga, ele tem o maior cagaço da solidão. Ocaraqueteama tá casado com a solidão. E Na natureza Selvagem ajudou a abatê-lo ainda mais. Ele quer fugir, mas aonde vai a solidão o acompanha, por isso mesmo, nunca tá sozinho. Ele não suporta mais as mesmas pessoas, as mesmas rodas. Ocaraqueteama tem vontade de ir pra algum lugar bem longe. E você é a única pessoa que ele adoraria levar com ele. É o que eu falo pra mim. Mas aí logo me desminto. Eu sei que tudo isso é uma crença burra, e que todas as crenças são burras, e que a crença que diz “a esperança é a última que morre” é a mais burra de todas as crenças. Então disco um número, o telefone do Caraquemeama. Disco, deixo tocar três vezes, ele atende. Não respondo nada aqui do outro lado da linha, apenas penso: Ele não vai me escutar chorando as pitangas. Então desligo o fone na sua cara, interrompendo o seu "alô quem é?" Sim, eu tava prestes a dizer: Entenda, idiota, entenda de uma vez por todas, ninguém tá interessado numa mulher que não se exalta. E eu queria dizer isso de um maneira bem exaltada, queria dizer isso gritado assim: Entenda, Idiotaquemeama, entenda, ninguém tá interessado numa mulher que não se exalta! Mas pra que gritar, Cecília? Pra quê, se Ocaraqueteama não pode tirar radiografias dos teus dentes, do teu fêmur. Pra quê? Se Ocaraqueteama só se interessa por tua fala embargada, por tua humilhação de bêbada, de secadora de garrafa de gim. Ocaraqueteama, Cecília, é um cuzão de merda, um pau no cu do caralho. Ele sabe que você foi até o fim de centenas delas, você foi até lá e não encontrou a porra dos colibris que ele jurou morarem no fundo das garrafas.
Vivo dizendo pra mim mesma: Cecília, ele é Ocaraqueteama. Ele se chama Ocaraqueteama. Ele mora na rua Ocaraqueteama. Ele recita versos que dizem exatamente isso: Ocaraqueteama. E ele tem muita saudade e não sabe quando um dia vem pra Curitiba novamente, pois o medo o paralisou. Ele tinha vontade de estar num lugar como aquele do filme Na natureza selvagem, mas até hoje ainda não compreendeu que a solidão é sua melhor amiga, ele tem o maior cagaço da solidão. Ocaraqueteama tá casado com a solidão. E Na natureza Selvagem ajudou a abatê-lo ainda mais. Ele quer fugir, mas aonde vai a solidão o acompanha, por isso mesmo, nunca tá sozinho. Ele não suporta mais as mesmas pessoas, as mesmas rodas. Ocaraqueteama tem vontade de ir pra algum lugar bem longe. E você é a única pessoa que ele adoraria levar com ele. É o que eu falo pra mim. Mas aí logo me desminto. Eu sei que tudo isso é uma crença burra, e que todas as crenças são burras, e que a crença que diz “a esperança é a última que morre” é a mais burra de todas as crenças. Então disco um número, o telefone do Caraquemeama. Disco, deixo tocar três vezes, ele atende. Não respondo nada aqui do outro lado da linha, apenas penso: Ele não vai me escutar chorando as pitangas. Então desligo o fone na sua cara, interrompendo o seu "alô quem é?" Sim, eu tava prestes a dizer: Entenda, idiota, entenda de uma vez por todas, ninguém tá interessado numa mulher que não se exalta. E eu queria dizer isso de um maneira bem exaltada, queria dizer isso gritado assim: Entenda, Idiotaquemeama, entenda, ninguém tá interessado numa mulher que não se exalta! Mas pra que gritar, Cecília? Pra quê, se Ocaraqueteama não pode tirar radiografias dos teus dentes, do teu fêmur. Pra quê? Se Ocaraqueteama só se interessa por tua fala embargada, por tua humilhação de bêbada, de secadora de garrafa de gim. Ocaraqueteama, Cecília, é um cuzão de merda, um pau no cu do caralho. Ele sabe que você foi até o fim de centenas delas, você foi até lá e não encontrou a porra dos colibris que ele jurou morarem no fundo das garrafas.
Essa foi outra queda de oito andares.
ResponderExcluirOcaraquemeama é o idiotaquemeama e pensa que eu sou a idiotaquepensaquebasta!!!!
Ave Leprevost!!!!
Aff Le,
ResponderExcluirPuta que pariu. Muito foda esse texto hein!!!
Como sempre digo, "genial"!!!
PS: Desculpa os palavrões..rsrsrs.
Ave!
ResponderExcluir(e eu nao sou a única a te acusar de genial... adorei! hahaah)
perfeito. onde que toma aulas de se exaltar?
ResponderExcluirno entanto, detesto o fato de que vc tem um fã-clube e eu não.
ResponderExcluirobrigado, adriana. não esqueci dos livros.
ResponderExcluirvaleu, jaque. não precisa se desculpar. nesse blog pode falar palavrão e até fumar.
oi, carol. quem bom que cê adorou. e me acusou, rs.
a exaltação é simples, sabrina. basta ter bons amigos por perto. quanto ao fã-clube, você faz parte dele, sua boba, haha.
beijos e beijos. lepre.