sábado, 5 de setembro de 2009

manual de putz sem pesares

Intervenção urbana

Foi dar um passeio e foi baleado. Foi pro colégio e foi baleado. Foi no cinema e foi baleado. Foi ali na banca de jornal comprar a Gazeta pra saber se muita gente tinha sido baleada e foi baleado. Foi no Mac Donald´s e foi baleado. Foi na casa da Tia e foi baleado. Foi numa festinha, foi se divertir, viajou pra descansar, foi contratar um advogado, foi a uma estréia de teatro, foi participar de uma reunião, foi olhar na janela pra ver se tava chovendo e foi baleado. Foi no supermercado e foi baleado. Foi no futebol e foi baleado. Foi andar de metrô e foi baleado. Foi dar uma canja no show de um amigo e foi baleado. Foi no curso de dança de salão e foi baleado. Foi no shopping e foi baleado. Foi rezar na igreja e foi baleado. Foi na livraria pra ficar mais inteligente e foi baleado. Foi pegar uma praia e foi baleado. Só tava passando distraído, assobiando uma melodia bem suave e lírica, assobiando assim como quem não quer nada, como quem não quer problema na vida, só tava passando, olhando a paisagem bonita, pensando em pedir a colega de trabalho em namoro, pensando que podia levar ela pra jantar fora, depois dar uma dançada, quem sabe rolasse um motel, mas foi baleado. Até que um belo dia decidiu que também ia armado. Então foi armado, foi armado até os dentes e perdeu os dentes.
.
.
http://www.youtube.com/watch?v=KrDNhuUcqVM, vídeo no YouTube, para o programa Rádiocaos ao vivo na Grande Garagem que Grava, durante o evento Poéticas experimentais da voz, em agosto de 2008.
.
.*Fabz, de repente isso inspira um pouco
as gravações dos contos da Lama,
que me diz, Man? Abraço.

2 comentários: