quinta-feira, 3 de setembro de 2009

notas para um livro bonito

Painel de Poty Lazzarotto, no Mercado Municipal
.
Curitiba é um leve cheiro de
festa junina no ar
pingos na calha da casa de
minha mãe, a chuva de
todos os meses, a chuva
o frio, a geada, elas é que
não me deixam esquecer

(...)

minha viagem foi não partir
rasguei mapas e
remontei pedaço por pedaço
meu lugar é não ter lugar aqui mesmo
onde estou fincado
meu endereço é a casa
onde há muito tempo
me tornei impossível

(...)

não sei que tipo de pessoa seria
se não tivesse frequentado
escolas particulares
tido os professores que tive
se não tivesse sido criado em
clubes da classe média
treinado judô etc
feito certos amigos
aceito o que vejo em meu passado
não havia nitidez ou certezas
sei que enquanto fui crescendo
a neblina e a geada
elas se infiltraram em minha
memória, em meu coração
quando me dei conta, era isso:
um cara que amava uma garota
trazia o inverno dentro dos tímpanos
e já estava tão cansado

3 comentários:

  1. fala, leprevost.
    tbm to meio adictaço nesse teu blog.
    todo dia dou um pulo aqui pra
    assuntá.

    é impressionante como vc é prolífico, prolífero
    (e proxeneta, como vc mesmo me disse). homem-alcatéia.

    tipo um jean cocteau curitibano. mandando bem
    no suporte que pintá pela frente.

    não é um artista apenas (poeta ou contista ou dramaturgo ou compositor ou blogueiro);
    é tipo o "bloco do eu sozinho", uma cena cultural de uma pessoa. bravo!

    abç,
    r.m.

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  2. Pessoinha, recusaste o nosso convite... tudo bem, sem ressentimentos, afinal não seu eu q tenho um blog viciante!
    Quero saber tudo depois!

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  3. r.m., é você, madeira? poxa, obrigado pelo comentário. jean cocteau... quem dera ter esse tamanho todo. e o pássaro ruim? tô louco pra ver. apareça, véio. que tal um café no feriado? abração.

    iza, não recusei não. é que é duro dar conta de tanta coisa. tô entrando de novo num período de recolhimento. preciso de sanidade. tirar o pé um pouco. mas tamo junto, viu. bjs.

    lepre.

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