sábado, 6 de junho de 2009

balbucios de blues

"Tudo isto feito uma antiga extrema-unção.
Que seja então. Evoque as formas.
Onde você não tem mais nada
construa cerimônias do ar e sopre nelas."
(Cormac Mc Carthy)

nisso não vai aviso
ou ameaça.
não vai pedido de desculpas
ou arrependimentos.
é só uma constatação de que
comigo sempre será assim como
houvesse uma sanfona
pendurada por ganchos de
açougue no coração.
será desse modo como eu traísse para
desistir de ser perdoado.
como desembrulhasse o
novelo da algazarra e fosse ao
encontro do Minotauro
para não voltar ileso de quatro patas.
será bem desse jeitinho como eu cantasse com
voz de mostro para me acalentar com
fogo, espeto e fumaça vermelha.
outras vezes será
sussurrar limpo igual um
peixe que tirasse sarro da pescadora que
o assassina pela boca.
e assim vai ser, eu a argumentar com
tanta inteligência inspirando o riso frouxo
até que os maiores
espertalhões da cena
acreditassem que sou um patético bonachão com
dedos ou língua sem melodia alguma.
e como será desse modo
a dúvida mais primitiva
estará dentro da tristeza que
não permite aos casais dançarem
agarradinhos sem o constrangimento da
clarividência do momento fúnebre de
seus cuidados.
sim, vão me oferecer bolachas tarja-preta
férias, banquetes de álcool.
e então será quase como
eu permitisse que a enfermidade aporte.
mas, deixem-me revelar, optei em não
perguntar o que é dito nos banheiros femininos durante
o intervalo para umas baforadas que soltam no
ar particulas de suas alminhas mirradas disfarçadas de
eu sei de tudo e um pouco mais.
ou, permitam que eu seja mais claro:
já viu como os jegues e mulas adestrados não
são imaturos quanto os que mordem e
escoiceiam?
palmas para eles.
de minha parte, almejar uma
imperfeição para
minha maturidade artística é
tudo que posso e possuo.
e então será assim quando serei extraordinário por
rezar o mundano.

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