três poemas do disco zii e zie
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Perdeu
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Pariu, cuspiu, expeliu um deus, um bicho, um homem
Brotou alguém, algum, ninguém, o quê?, a quem?
Surgiu, vagiu, sumiu, escapuliu
No som, no sonho somem
São cem, são mil, são cem mil, milhão
Do mal, do bem, lá vem um
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Olhos vazios de mata escura e mar azul
Ai, dói no peito aparição assim
Vai na alvorada-manhã
Sai do mamilo marrom o leite doce e sal
Tchau, mamãe
Valeu
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Cresceu, vingou, permaneceu, aprendeu nas bordas da favela
Mandou, julgou, condenou, salvou, executou, soltou, prendeu
Colheu, esticou, encolheu, matou, furou, fodeu até ficar sem gosto
Ganhou, reganhou, bateu, levou, mamãe, perdeu, perdeu, perdeu...
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Céu, mar e mata mortos da luz desse olhar
Antes assim do que viver pequeno e bom
Não, diz isso não, diz isso não
A conta é outra, tem que dar, tem que dar
Foi mal, papai
Anoiteceu
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Brilhou, piscou, bruxuleou, ardeu, resplandeceu a nave da cidade
O sol se pôs depois nasceu e nada aconteceu
..
Por quem?
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Blush em minha fronha, quem
Deixa esse cheiro bom assim?
Músculo que sonha, vem
Ai ai ai ai ai ai
Quem vai ai ai ai ai ai
Quem sai ai ai ai ai ai
De mim?
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Foi a noite
Negros asfalto, pneu e mar
Ranhuras da montanha
Descem até o vale
Lágrimas vão de mim
Por quem?
Falso Leblon
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Ecstasy (bala), balada
E me chama depois
Pra dar uma e dar dois
Ela é que causa, é que explana
E acende os faróis
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Mas o meu samba transcende
E apaga as pegadas
Que ela quer deixar
Falso Leblon Big Brother
Tou fora do ar
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Ai amor
Chuva num canto de praia no fim
Da manhã
E depois de amanhã?
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O que faremos do Rio
Quando, enriquecendo,
passarmos a dar
As cartas, as coordenadas
de um mundo melhor?
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Quanta tristeza guardada
Na cara da moça
Bonita que dói
Francisco Alves, Seu Jorge,
os Hermanos – já foi
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Ai amor
Chuva num canto de praia no fim
Da manhã
E depois de amanhã?
.
Drogas, tou fora, tá foda
E agora vombora
Nem vinho tomei
Me sinto muito sozinho
E ela é a lei
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Odeio a vã cocaína
Mas amo a menina
E olho pro céu
Ela se esgancha por cima
De mim: quem sou eu?
Caetano Veloso
Licença, moço...
ResponderExcluirGostei do texto sobre o amor, do dia 23 de junho.
Principalmente sobre as inspirações e expirações...
Engraçado, outro dia mesmo eu escrevia algo sobre matar um amor no chão, algo envolvelndo cães, mas no meu caso os cães seriam o amor chutado e morto.
É isso.
Abraço,
Aruanda.
obrigado aruanda. legal você ter vindo aqui. aproveitei a oportunidade e fui até seu blog. coisas muito bonitas por lá. beijo aí. lepre.
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