o que tem ritmo de sangue não é esquecido
o que amou mais que a pretensão não é esquecido
nesse instante sou condenado à
liberdade de me conter
chegam-me mundos pensados
nascem-me ninhadas de negações
nada entendi quando peguei em
concha o barulho de estar vivo
a vida engole sem dentes
a iluminação da carne é mais forte que o sol a pino
quem convive escuridões que mordem, esse
não será esquecido (será?)
respiro um céu bélico
me engasgam águas evaporadas sem raiz
estou cercado de lados por todos os eus
o suor é um acontecimento viril
apodrecem também as veias dos ossos
eu suspiro e explode uma
existência com metabolismo e tudo
o tempo não tem margens
o tempo não incha com os anos
o corpo é quem (um ser) incha
a lentidão é criança com memória desabitada
a violência é a velocidade infantil de
labirintos que se deformam, de coreografias do
silêncio que se imprimem entre falas
não há rumos para liberdade
aquele que silencia, para ele o olvidar
não há rumos, só rumores
e muros sendo erguidos
invisíveis edificações agora ruínas
abismos entre homens e mulheres, entre olhos, boca
axilas, pau, cu, buceta
como se isso fosse a liberdade, a liberdade
a liberdade
de esperá-la, desespero
de desesperá-la, nasço
para ser esquecido
nasço morrendo em cada música
fique a música, fique o ato
o que tem ritmo de sangue é
obra (um soco, ele passou por aqui)
o pretensioso que amou mais que a
pretensão, fique
ou pelo amor
ou pela pretensão, fique
(feito um sopro ele passou por aqui)
terça-feira, 16 de junho de 2009
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