sexta-feira, 30 de outubro de 2009

especulações sobre o amor simples

dentadas e latidos compõe o
amor quanto sussurros e lambidas
a infidelidade dos odores, axilas
virilhas que, sujas, atraem mais
do que envergonham
igualmente sabonetes e o
creme Nivea após o banho
e as traições da vontade ao
alcance das mãos quanto os
afagos consentidos, recíprocos
a lógica saindo do prumo num
piscar de pálpebras assim como a
responsabilidade do sono das horas
o bom senso compõe o
amor quanto a confusão mental dando
sinais da ignorância mais primária
o antídoto no sangue
a musculatura ora saudável ora fatigada
as violentas ondas da beleza agindo
contra o coral dos dentes se o desprezo sorri
se a cólera aliena, se os abismos têm fome
e também os tons do verde
estourando a primavera nos olhos
ou as visões cuspidas da face da noite amarga
e o que uma orelha ávida por
conselhos é capaz de chupar
um esquecimento absoluto sofrendo com
duplas sertanejas e luas de sarjeta
tudo isso compõe o amor
as reticências entre as línguas
declarações, xingamentos
o chamamento oculto, o corpo mal interpretado
quando a salvação seria o não haver razões
por desespero, por coragem
por azar, perdem alguns, ganham outros
o amor está na cara quanto em
outras paisagens secretas
a falta de conhecimento o
compõe mais que a sabedoria
a nudez, o nariz e a língua, a
canção popular, sempre a canção popular
o poder, o pudor, o suor, o álcool
tudo isso compõe, tudo isso
tudo isso e tantas outras
especulações bem mais simples

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