BUQUÊ DE PRESSÁGIOS
.
De tudo, talvez, permaneça
o que significa. O que
não interessa. De tudo,
quem sabe, fique aquilo
que passa. Um gerânio
de aflição. Um gosto
de obturação na boca.
Você de cabelo molhado
saindo do banho.
Uma piada. Um provérbio.
Um buquê de presságios.
Sons de gotas na torneira da pia.
Tranqueiras líricas
na velha caixa de sapato.
De tudo, talvez, restem
bêbadas anotações
no guardanapo.
E aquela música linda
que nunca toca no rádio.
.
*Adoro esse poema do bróder Marcelo Montenegro,
publicado em seu livro Orfanato Portátil
(Atrito Art Editorial, 2003).
Pra mim, são versos já clássicos.
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