sábado, 25 de abril de 2009

entrevistas

Em 16 de fevereiro de 2008 dei essa entrevista pra coluna Porque hoje é sábado, do Dante Mendonça, no Estado do Paraná. No impresso saiu com algumas edições por causa do espaço determinado, sou falastrão, acabou que o Dante teve que me tornar mais sintético. No blog do Solda saiu na íntegra, é ela que reproduzo aqui. Agradeço muito aos dois.

"E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo"
(Vinícius de Moraes)

Nome: Luiz Felipe Leprevost (e mais todas as variações e apelidos com que os outros me chamam).
Profissão: Se você perguntar se sou escritor, vou dizer que trabalho com teatro. Se você vier com essa de teatro, vou falar que sou músico. Se você disser que sou músico, vou dizer que sou (mas não seja louco de me pedir que dê uma canja).
Sonho de outra profissão, com outro nome, o que seria? Tenho profunda admiração por aqueles caras que vão de planeta em planeta cavalgando unicórnios, e também por esses mergulhadores que se casam com sereias.
Dando a sexta-feira por finda, um fim de semana perfeito: Desembarcar na Cidade Maravilhosa pra jantar com uma certa atriz, já que com ela respirar fundo é entrar no fogo da sua saliva.
Serra abaixo ou serra acima: Gélida é o meu lugar, Gélida é a minha cidade, Gélida é a minha questão.
Um sábado de chuva: Sem guarda-chuva (no verão), e o rancho de algum amigo com fogão à lenha (no inverno) — contando sempre com a certeza de que por aqui temos todas as estações do ano num intervalo de menos de duas semanas, quando muito.
Um domingo de sol: Uma boa caminhada com meu pai por bairros bucólicos (até o meio-dia), durante a tarde cafézinho e torta de limão com a turma, e talvez cinema assim que o sol se finde. Parece-me que a tranqüilidade é uma boa companhia.
O que uma pessoa não precisa para passar dois dias com você: Roupas demais.
O que você não dispensa nem mesmo com uma velho calção de banho: Um pequenino livro de poesias, talvez o Buquês de Alfafa, do Jorge Barbosa, publicado pela Kafka edições baratas.
Uma música para ouvir hoje: Blues do Guardanapo, do CD A Solidão não mata, dá a idéia, do meu bróder Alexandre França.
Outra para ouvir amanhã: Gilda, parceria do maestro Otávio Camargo com o poeta Thadeu Wojciechowski, pelo que a Gilda foi e pelo que o Otávio e o Polaco da Barreirinha tem feito de belo (sempre digo que se milagres existem, nada mais são do que algo semelhante a parceria desses dois).
Um instrumento musical gostaria de tocar numa balada de sábado: A guitarra do Hendrix... não, melhor ainda, o violãozinho do Dylan...?
Um livro na estante: O Encrenca, do Manoel Carlos Karam, e tirar de lá sempre que estiver necessitado das minhas doses de Invetral, ou com saudades da Belbeltrana, ou quando achar que sou capaz de arrancar o prego Daqui-não-saio-daqui-ninguém-me-tira daquela maldita árvore que fica dentro das dependências do About, o bar sem janelas.
Um livro na cabeceira: Senhor, do Jamil Snege, é que sou de rezar antes de ir pra cama.
Um filme de ontem: Em primorosos roteiro e direção de Leos Carax, Les Amants du Pont-Neuf, com Juliette Binoche e Denis Lavant atuando de modo tão radical, que o expectador chega a se perguntar Como foi que eles saíram ilesos dessa?
Um filme de hoje: Juno, com direção de Jason Reitman. Ellen Page é uma guriazinha dum carisma raro, ficou lindinha com aquele barrigão de grávida comendo trash food.
O restaurante de sábado: Madalosso (o grande), pra comer frango e polenta até me arrepender.
O almoço de domingo: Talvez o salmão com legumes do Cantina Jacobina.
Um copo para o espírito: Vinho tinto, que abre o canal condutor pra que se aproxime aquele que alguns conhecem por Dioniso.
Metade cheio, metade vazio: O caminho do meio (ainda assim com Dioniso).
Saudades de um sábado qualquer: Eu gostava de quando, andando igual um pingüinzinho com a cabeça cheia de neve, minha vó chegava pra almoçar.
Noite de domingo, o que lhe parece: Que àquele oco sem ecos, logo que você adormeça, restituir-se-há o sumo dos dias maquinais (que venha a segunda-feira!).
Há a perspectiva de segunda-feira, o que lhe dá preguiça: Você sabe, qualquer movimento da Preguiça leva uma eternidade, e quando a eternidade chega ao fim, então a Preguiça nos finca as unhas.
O que assusta embaixo da cama: Nunca mais ter topado com o Bicho-Papão por lá.
Uma frase para fechar a conversa: Só é ilusão aquilo que não esqueço, o resto foi real.

3 comentários:

  1. eu até pediria uma canja...se você fosse cozinheiro...

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  2. Essa coisa de "Eu gostava de quando, andando igual um pingüinzinho com a cabeça cheia de neve, minha vó chegava pra almoçar." é uma das coisas mais lindas que já li.

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  3. que bacana cili. quando é verdade funda, é bonito. bjs. lepre.

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