de cofres de nuvens o poema desaba.
chuva na tarde ferruginosa: o poema-tobogã e
seus frios na bexiga.
mas seus mistérios são como a alegria
a fruta que lenta e rápida apodrece nos mercados.
o poema é só o poema
ou mesmo a doença em Deus.
entende-los (poema e Deus) por linguagem
é uma saída, mas não resolve.
cultuar seu misticismo
sua precariedade ou antissepsia, é possível.
mas e daí?
o poema, anjo roedor, é ruidoso e não apazigua.
o poema adrede ardis.
se com urgência, suja-se um bocado.
se com paciência, não passa de
inseguranças de um piá de prédio.
fuligem e esterco, ei-lo.
até que finalmente, fóssil de flor
(que não é flor que se cheire)
o poema entra num livro.
e o livro cai na vida.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
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