terça-feira, 12 de janeiro de 2010

só é ilusão aquilo que não esqueço, o resto foi real

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.....Pobre Mana. Pobres de nós. Os frutos queimavam apodrecimentos. No interior do inverno, na palma de nossas mãos, a geada brotava, cobria a plantação do afeto. Quem de nós pecava mais ao silenciar do que ao se declarar. Silenciávamos turbulências macias que rasgavam fundo. Você quis clausura o que era deriva. Sua paixão pulsava fora feito um tapa, a tampa da panela de pressão latejando. Você, uma menina prenha, percorria mudez e seiva, incisões não cicatrizadas. Da última vez em que nos vimos, éramos duas árvores podadas nos tendões. Galhos sem folha ou fruto, com nós apenas. Ardiam suas costas sem manta. Ardia meu pescoço sem cachecol. Mana, eu ainda não sabia que ninguém guarda para sempre o domínio do que apalpou. A origem do amor é uma, mas seu amadurecimento muitas vezes fruta cujo sumo é todo ele o medo. E mesmo assim você se aproximou e me beijou a bochecha lisa, depois sussurrou em meu ouvido: Amo você, Jassei Brennelli.
.....Por que fez isso se você não tinha certeza se era mentira ou não e eu sabia que era verdade?

2 comentários:

  1. não sei ainda, sabrina. é uma série que comecei a escrever pensando em pequenas estórias individuais, bem líricas, singelas, fechadas em si mesmas. mas aos poucos as personagens foram se tornando recorrentes e um tom mais amargo, meio que pra um arranjo de tensão no meio da beleza, fez-se presente. mas ainda não sei, tô saltando no escuro. vamos ver no que dá. beijo. lufe.

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