sábado, 23 de janeiro de 2010

só é ilusão aquilo que não esqueço, o resto foi real

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.....Três anos se passaram desde a noite em que quase fomos flagrados por minha mãe. Então prestamos vestibular eu, você e Tatit. Você ficou grávida de mim e não quis contar pra ninguém. Fomos juntos à clínica. Voltamos, você se recolheu em seu quarto, muito triste.
.....Na manhã seguinte você entrou no meu quarto e disse que entre nós estava tudo acabado. Um calafrio subiu feito peixe elétrico em minha espinha. Tentei argumentar, ponderar. Conversamos e era como mastigássemos os cubos de gelo de nossos laços sendo desfeitos. Você estava decidida.
.....Três meses depois, você havia me trocado pelo Tatit. Isso acabou comigo pra sempre. Morar na chácara se tornou insuportável e me mudei pra uma república, no centro.
.....Passava os dias fumando maconha e lendo, a noite ia pra Reitoria. Após as aulas, perdia-me por madrugadas que duravam finais de semana inteiros, no centro, nos subúrbios, nas praias, pelo interior do estado. Tanto vaguei, sonâmbulo, maloqueiro, por entre os becos das bocas da carência, entre o cimento dos postes dos corpos das putas, que nunca me recuperei. Nunca mais me perdoei. Mas por perdoá-la a perdi, e assim eternamente.

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