sexta-feira, 3 de julho de 2009

especulações sobre o amor simples

se você pensa que as mulheres
fazem comigo o que elas querem
está mais do que certa
já fiquei esquecido dentro de
mulheres que eram freezers
já derreti em fogo brando na
palma da mão de confeiteiras sádicas
perito em carícias, já fui
confundido com Marlon Brando
(Último Tango em Paris)
no segundo andar de
sobradinhos pré-fabricados da periferia
já arquitetei planos e
mais planos de conquista
já me meti entre coxas com odores
dos quais nunca mais me livrei
parido nem sei quantas vezes
de mulheres que eram eu
mulheres que eram o diabo, o bicho
mulheres que eram uma catedral
mulheres que eram peixes de
águas profundas, escuras
mulheres que eram o
pico mais alto do planeta
mulheres cujo o corpo não era feito de
ossos e músculos, mas de lágrimas
outras com as quais você trepava com a
voz mais do que com o ventre
mulheres em quem a beleza era doença
em quem a doença se equiparava a Deus
mulheres que não gozavam, choviam
que em cada beijo continham uma reza de fé
mulheres em quem você entrava como
entrasse na mais grossa areia
mulheres com as quais sangrei a cada mês
mulheres...
vocês mulheres dão mais trabalho
do que assaltar um banco

2 comentários:

  1. Lindo! Acho que hj eu sou uma dessas feita de lágrimas. Mas a cada dia quero ser uma outra e quem sabe inventar outras mais...
    Tive o prazer "inoxidável" de te conhecer na produção do clipe da Tháis Gulin.
    Parabéns pela sua arte. abç.

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  2. ei juliana. obrigado pelo passeio por aqui. fui lá nos seus "devaneios e outros venenos", são muito bonitos. além de ótima atriz, você escreve, isso é que é. adoro versos como "a liberdade quer me prender." ah, e o clip da thaís ficou mesmo muito legal, né. é como dizem: tamo junto. bj. aí. lepre.

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