sexta-feira, 10 de julho de 2009

manual de putz sem pesares

por Elísio Brandão
Big Rato

Tome calmante, antidepressivo, mas não reclame da vida. Não fuja, teu quarto no predinho vagabundo de periferia é o último dos paraísos. Tuas mãos conseguiram entrar na moda, já pedem esmola. Teu talento é sem colheita. Chupar a luz de uma teta te consola. Vai, Big Rato, vai beber vento, vai comer cimento qual fosse bife. Teu Oásis cadê? Tuas sacolas onde estão? Vai se lambuzar da tua fome sem talher. Do marshmallow vai, Big Rato, raspar os restos com deleite. Vai arranhar a própria entranha, cavar a banha das tuas tripas com os dentes. Vai se alimentar da treva e de uma ripa de breu, consumir-se como teu corpo fosse um farnel. Vai ter a carne em hipnose, sorver a hipocondria. Vai mirar a ira rala da ralé, a ironia do alento. Vai, Big R, vai procriar tua hierarquia, batizar tuas fenomenologias. Vai cegar teus dedos, teus aleijões com ferrugem parafusada na alma. Vai fornicar monóxido de carbono. Vai ferramentar a dor. Brigar por lixo com os cachorros da vizinhança. Endurecer a metalurgia com a liturgia das chagas. Vai sonhar que apalpa a tua glória inteira. Vai dar tiros, Big Big, bein-bein, pá-pá. Ah, Big Rato, grande errado, para que se inibir de palitar os dentes em público se você está sozinho entre tantos sozinhos?

2 comentários:

  1. de arrepiar a espinha... principalmente a última frase. ui!

    porrada! tapa na cara de mão aberta para não deixar marcas...

    ;)

    B-Ju

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  2. obrigado obrigado obrigadíssimo mais uma vez, juju. bjs, querida. lepre.

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