Bom ar
“...esmagar com a própria mão tudo
o que na vida ainda resta de espectro...”
(Franz Kafka)
na tela da televisão de plasma
chove um pouco
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
a gangorra de uma lua minguante
faz nheco-nheco rangendo feito
a velha cadeira de balanço
um carrossel de placas de vende-se eternidade
humanos não perecíveis
aluga-se leitos de hospital
posto, siga 2 km, rodopia por trás da
platéia posicionada como que num
sistema que girasse ao redor do sol
eu estou nesse lugar
vestida com uma camisa alva, engomada
tenho a barba feita
só os meus pés, os pés
os pés eles estão encarquilhados, os meus
pés de pato
não sei, mas desconfio que eu tenha nascido assim
com pés de pato, senão eles não estariam
tão cansados de...
há vacas por aqui
vacas nem tão santas
essas vacas, vejo agora
estão penduradas em meus mamilos
e há, por conseqüência
muitas de mim
uma manada miniatura de meninas que são eu
penduradas nas 130 tetas dessas
vacas que, nossa senhora, são eu
então alguém que eu
não conheço nem ele me conhece
esse alguém me aponta
e me define: você está em cena
chove um pouco
e o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você em cena é um dos dois bêbados que
estão em cena
por sobre a camisa alvengomada
você veste agora uma casaca
súbito, você sofre um
espanto olhando para mão direita
tua mão direita diz assim: você está em cena
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você em cena é um dos dois bêbados que
estão em cena
por sobre a camisa alvengomada
você veste agora uma casaca
súbito, você sofre um
espanto olhando para mão direita
e agora tua mão direita diz assim: uau!, beibe
eu sou teu dedo indicador
e teu dedo indicador agora, benzinho
teu dedo indicador é um rabo
um rabo que nasceu na tua mão
não na tua bunda
com esse rabo você toca
tua rabeca chamejante de folks
bom, já o outro bêbado
o seu companheiro de cena
o outro bêbado ninguém repara nele
ninguém pode vê-lo
só você pode ver esse outro bêbado
porque esse outro bêbado é você
e esse outro bêbedo que ninguém consegue ver
esse outro bêbado, pode acreditar
esse outro bêbado é bem mais bonito
porque ele é um outro bêbado que assobia
ainda mais agora que
a chuva já parou
agora que a chuva parou de
definir a tua silhueta
mesmo que agora a tua silhueta esteja
louca para pegar um gripe
até que então a tua silhueta fica gripada
a tua silhueta espirra
e assim aparece no céu um arco-íris
num estremo do arco-íris está o teu nariz
no outro estremo há uma pasta de dente
o sol veio para ajudar no arco-íris
mas já está indo embora
e vai que o sol é só a bunda de
uma formiga saúva
a formiga cruza a cena rapidinho
como quem vai embora
e assim a noite
sorrateiramente
começa a pousar feito o
Corvo do Poe
no céu agora é assim
queimam nuvens de sangue, do teu sangue
a tela de televisão de plasma é o lugar
mais óbvio e seguro para esse céu
a tua silhueta gripada está ali
debaixo desse céu
tua silhueta derrete a garganta quando
vira num gole só um chá abortivo
e tem um homem de olhos muitíssimos cerrados
lá no fundo da xícara desse aborto
e o homem canta assim: o poço é escuro e
o sinal que vejo é...
o poço, você só vê agora
é o sol visto de dentro
lá o homem não para de cantar assim: na
tela da televisão de plasma
chove um pouco
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você então vomita
você vomita nuvens de sangue
você corre até o banheiro
e há um barco encalhado ali no
mangue da pia do banheiro
um barco com uma tripulação inteira doente
constipados todos estão bem menos socializáveis
eles querem te matar
sabem que foi você
que a culpa é tua
você corre
na mesma velocidade em que você avança
por baixo do trapiche a maré recua
é claro que aquilo ali não é um pelicano
voando baixo sobre o oceano nesse clima
inamistoso, você pensa como seria bom
fazer sexo agora
poderia até ser com o pelicano
com tanto que ele se metesse inteiro e forte em você
mas você pensa nisso e vomita
você vomita anzóis
você vomita datas
você vomita dentes
você vomita orelhas de
platéias inteiras naufragadas em seus banheiros
você vomita teu vexame
você vomita vomita vomita
vomita o ambiente agradável
chove um pouco
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
a gangorra de uma lua minguante
faz nheco-nheco rangendo feito
a velha cadeira de balanço
um carrossel de placas de vende-se eternidade
humanos não perecíveis
aluga-se leitos de hospital
posto, siga 2 km, rodopia por trás da
platéia posicionada como que num
sistema que girasse ao redor do sol
eu estou nesse lugar
vestida com uma camisa alva, engomada
tenho a barba feita
só os meus pés, os pés
os pés eles estão encarquilhados, os meus
pés de pato
não sei, mas desconfio que eu tenha nascido assim
com pés de pato, senão eles não estariam
tão cansados de...
há vacas por aqui
vacas nem tão santas
essas vacas, vejo agora
estão penduradas em meus mamilos
e há, por conseqüência
muitas de mim
uma manada miniatura de meninas que são eu
penduradas nas 130 tetas dessas
vacas que, nossa senhora, são eu
então alguém que eu
não conheço nem ele me conhece
esse alguém me aponta
e me define: você está em cena
chove um pouco
e o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você em cena é um dos dois bêbados que
estão em cena
por sobre a camisa alvengomada
você veste agora uma casaca
súbito, você sofre um
espanto olhando para mão direita
tua mão direita diz assim: você está em cena
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você em cena é um dos dois bêbados que
estão em cena
por sobre a camisa alvengomada
você veste agora uma casaca
súbito, você sofre um
espanto olhando para mão direita
e agora tua mão direita diz assim: uau!, beibe
eu sou teu dedo indicador
e teu dedo indicador agora, benzinho
teu dedo indicador é um rabo
um rabo que nasceu na tua mão
não na tua bunda
com esse rabo você toca
tua rabeca chamejante de folks
bom, já o outro bêbado
o seu companheiro de cena
o outro bêbado ninguém repara nele
ninguém pode vê-lo
só você pode ver esse outro bêbado
porque esse outro bêbado é você
e esse outro bêbedo que ninguém consegue ver
esse outro bêbado, pode acreditar
esse outro bêbado é bem mais bonito
porque ele é um outro bêbado que assobia
ainda mais agora que
a chuva já parou
agora que a chuva parou de
definir a tua silhueta
mesmo que agora a tua silhueta esteja
louca para pegar um gripe
até que então a tua silhueta fica gripada
a tua silhueta espirra
e assim aparece no céu um arco-íris
num estremo do arco-íris está o teu nariz
no outro estremo há uma pasta de dente
o sol veio para ajudar no arco-íris
mas já está indo embora
e vai que o sol é só a bunda de
uma formiga saúva
a formiga cruza a cena rapidinho
como quem vai embora
e assim a noite
sorrateiramente
começa a pousar feito o
Corvo do Poe
no céu agora é assim
queimam nuvens de sangue, do teu sangue
a tela de televisão de plasma é o lugar
mais óbvio e seguro para esse céu
a tua silhueta gripada está ali
debaixo desse céu
tua silhueta derrete a garganta quando
vira num gole só um chá abortivo
e tem um homem de olhos muitíssimos cerrados
lá no fundo da xícara desse aborto
e o homem canta assim: o poço é escuro e
o sinal que vejo é...
o poço, você só vê agora
é o sol visto de dentro
lá o homem não para de cantar assim: na
tela da televisão de plasma
chove um pouco
o ambiente agora é agradável
limpo
cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
você então vomita
você vomita nuvens de sangue
você corre até o banheiro
e há um barco encalhado ali no
mangue da pia do banheiro
um barco com uma tripulação inteira doente
constipados todos estão bem menos socializáveis
eles querem te matar
sabem que foi você
que a culpa é tua
você corre
na mesma velocidade em que você avança
por baixo do trapiche a maré recua
é claro que aquilo ali não é um pelicano
voando baixo sobre o oceano nesse clima
inamistoso, você pensa como seria bom
fazer sexo agora
poderia até ser com o pelicano
com tanto que ele se metesse inteiro e forte em você
mas você pensa nisso e vomita
você vomita anzóis
você vomita datas
você vomita dentes
você vomita orelhas de
platéias inteiras naufragadas em seus banheiros
você vomita teu vexame
você vomita vomita vomita
vomita o ambiente agradável
limpo, cheio de cheiro de bom ar aerosol no ar
aauurrrgghhttt!!!!!!
aauurrrgghhttt!!!!!!
conheci só hoje teu blog, guri. muito legal!! passa lá no em cena tb. abraços!
ResponderExcluireu vivo indo lá, claudião. forte abraço. lepre.
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