sexta-feira, 29 de maio de 2009

koan do como onde

Aqui estão filosofando o Polaco Thadeu e o Magoo,
o cara que fez a capa do Koan do Como Onde, arte das mais espertas.
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Lembro de quando o mestre Thadeu Wojciechowski começou a sonhar esse livro. Pude ouvir trechos da obra em sua casa, em sua sala, em sua mesa cheia de cervejas e comida farta. Foi assim, no intervalo da inacreditável obra musical que Thadeu ia construindo com Octávio Camargo e Bárbara Kirchner, ele começou a trabalhar com esse lutador de sumô intelectual Saboro Nossuco. Quem diria, foi bem rápido até o livro ficar pronto. E hoje é o primeiro dia do lançamento. Então... ainda dá tempo. Não estou lá na festa porque estou escrevendo essa postagem dormindo (é que não estou acostumado a ficar desde de quarta-feira até hoje acordado desde lá em União da Vitória). E se estou dormindo, só pode ser que o novo livro do Polaco da Barreirinha seja um verdadeiro livro dos sonhos. Sim, porque todo livro que contém profunda sabedoria, e esse Koan do Como Onde contém, todo e qualquer livro assim, é um livro de sonhar a humanidade. Thadeu é um desses caras que sonha a humanidade. E que tipo de humanidade? A melhor, a melhor que há, que pode haver. Há e haverá, porque o sonhos dele são reais. São reais porque a gente ao ler se emociona. É, a gente se emociona porque pensa e ri pra burro, e depois pensa mais, e pensa "como é que pode um talento tão talentoso quanto esse?" E pode, simplesmente pode, é que o talento vai bem com o estudo, com a visão de mundo, com a generosidade, e isso tudo o Thadeu tem no coração. Se você duvida, vai lá no Beto Batata hoje, ainda dá tempo, ou amanhã, e também depois de amanhã. É festa de polaco, gente! Amanhã estarei lá, bem sonhador.
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Na sequência, veja o que o Dante Mendonça escreveu em sua coluna d´O Estado do Paraná.
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Guru da Barreirinha
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Como deve ser numa festa de polaco, o escritor Thadeu Wojciechowski vai lançar durante três dias seguidos seu mais novo livro Koan do Como Onde, assinado por Saboro Nossuco, alter ego de Wojciechowski, o Guru da Barreirinha. Na mistura de rollmops com algodão doce, filosofia e poesia, resta uma saborosa obra salpicada de fino humor.
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Antes que alguém pergunte, Thadeu explica que “Koan”, no Zen-Budismo, é narrativa, diálogo, exposição de questões inacessíves à razão. Um koan famoso pergunta: “Batendo duas mãos uma na outra temos um som; qual é o som de uma mão?”. Também músico e compositor, com certeza Thadeu Wojciechowski tem várias respostas na ponta da língua, afiada com poesia, para este “koan” de tradição oral.
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Quanto à origem de Saboro Nossuco, o Guru da Barreirinha que se confunde com o próprio Thadeu Wojciechowski, sua sucinta biografia é tibetana: “Para o Dalai Lama, Saboro Nossuco nasceu por obra e graça de um espírito santo zombeteiro. E por causa desta má influência, na infância, foi um verdadeiro capeta. Matava passarinho, soltava balão, fazia malcriação com as menininhas, roubava dinheiro das capelinhas, enfim, tinha mais pecado na alma que população na China. Mas um dia, Dalai Lama não sabe exatamente quando, Saboro sentiu-se bem bonzinho. E virou um amor de pessoa. Hoje no seu modesto templo, situado na Barreirinha, faz verdadeiros milagres para sobreviver”.
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A seguir, alguns ensinamentos oriundos da Barreirinha:
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Jesus vivia com fome:
—Tem pão, mãe?
E Maria sempre lhe dava um belo naco. Jesus pegava e saía correndo que nem louco. Maria ainda o avisava dos perigos, mas Jesus nem dava bola.
À noitinha, quando Jesus voltava para casa, ela perguntava:
— Onde estiveste, filho?
E ele, bocejando: — Por aí, mãe!
E caía duro na cama, dormindo. De manhãzinha, Maria acordava e Jesus já tinha se mandado. Maria punha a mão sobre o coração e rezava por ele, preocupada.
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Um dia, Jesus demorou demais e ela pediu a José que fosse procurá-lo. José, meio a contragosto, foi e encontrou-o no meio do caminho:
— Tua mãe tá preocupada.
— Por quê?
— Ah, sei lá!
— Ela não entende.
— O que, filho?
— Que meu pai me deu novas atribuições.
— Eu?
— Ah, deixa pra lá, pai!
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— Mestre, dá para tapar o sol do sofrimento com a peneira da felicidade?
— Não é possível.
— Mas a ilusão às vezes faz bem...
— Não é possível.
— Então devemos crer que viver é sofrer?
— Não é possível.
— Mas se nada disso é viável, a morte então é a única saída.
— Não é possível.
— Fiquei confuso, mestre.
— Agora tudo é possível!
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— Mestre, o que tenho que fazer para me tornar um sábio?
— Quando?
— Agora mesmo, por exemplo.
— Risca a palavra sábio do teu dicionário.
— Risquei, mas não me sinto um sábio.
— Verifica então se nele consta “ignorante”.
— Sim está aqui “aquele que ignora, que não sabe”.
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Assim Mestre Kua Huo passou manhã, tarde e boa parte da noite. Encadeando centenas de palavras, na busca de uma possível resposta para a primeira pergunta de seu discípulo Um Lin que, no outro dia, cedinho, já está batendo na sua porta.
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— Mestre Kua Huo!?
— Sim. Ah és tu, Um Lin! Que desejas?
— Mestre, o que tenho que fazer para não fazer perguntas idiotas?
— Evitar a garubalha.
— ...?
— Vai, pega o dicionário!
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— Mestre, como diferencias um idiota de uma pessoa comum?
— Não diferencio.
— Por que não?
— Tu te tornarias uma pessoa comum.
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— Mestre, a solidão é um bem ou um mal?
— Neste momento, seria um bem.
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O lançamento de Koan do Como Onde, de Saboro Nossuco (Thadeu Wojciechowski), acontece hoje, amanhã e domingo no Original Beto Batata, na Rua Prof. Brandão, 678. (Editora Bernúncia, 116 páginas, R$ 20).
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Dante Mendonça (29/5/2009)

2 comentários:

  1. Porra, Leprê, só hoje vi teu post. Du caralho, velho. Um grande abraço desses meus longos e desajeitados braços.

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  2. valeu polaco. tamo junto. quero ir aí nesse país da barreirinha tomar umas. forte abraço. lepre.

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