terça-feira, 12 de maio de 2009

notas para um livro bonito

não interessa o que será o futuro.
sei que nesse momento
um mosquito light me acerta
na panturrilha.
deixo que beba meu sangue e
vá embora inchado.
poderia tê-lo esmagado
mas quis ver até onde ele iria.
não vou me arranhar
quero estudar o desconforto
até não mais aguentar.
igualmente toleráveis
talvez sejam
as invisíveis lesões
o veneno do passado.
que também são um alívio
por serem assim
assim, passado.
mas quem disse que
busco obter alívio?
a natureza nunca está parada.
a dor funciona feito uma parede
com infiltração
um comichão a percorrer as veias.
o silêncio lateja
e não deixa hematomas.
se o mosquito tivesse bebido
um pouco mais de sangue
poderia ter estourado
mas ele soube a hora de parar
embora a natureza nunca pare.
e o futuro...? bem
o futuro é a vontade de coçar.

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